Nossa língua de todo dia. Com o professor Pasquale. Rendo la vila... Amém. terra da fraternidade O povo é quem mais ordena Essa é a senha para o Boa Tarde. Boa Tarde, professor Pasquale. Você quer me matar, né? Você quer me matar. Eu já estou aqui. Teve um ouvinte que escreveu para a gente mais cedo e disse que queria ouvir isso. Eu achei que seria adequado esse momento.
adequadíssimo e ontem à noite, meus queridos amigos de Lisboa, brasileiros que moram em Lisboa, refugiados, brasileiros, mineiros que moram em Lisboa, me mandaram um videozinho que fizeram ontem à noite, porque lá na véspera, no dia 24, eles já fazem uma festa. E linda, linda a festa, e sobretudo linda porque há muitos jovens ali celebrando o 25 de abril, que é hoje. que são hoje 51 anos do fim da ditadura, da porca ditadura portuguesa, porca como qualquer ditadura.
E você lembra, eu estive lá o ano passado, fiz questão de estar lá nos 50 anos e você até me transformou em repórter. Verdade. Porque... Eu fiz uma reportagem ali do que estava... acontecendo lá do que eu tinha visto e do que eu estava vendo. no dia 25 de abril do ano passado. Hoje também é, essa música que você pôs aí, é o Grândola Vila Morena, que é do Zeca Afonso. já falecido, um compositor português de Setúbal, e essa música foi... a senha para o início da marcha.
para a derrubada da ditadura. tocaram primeiro uma música brega, para disfarçar, para ninguém achar que tinha alguma coisa, e depois essa música... como tocaram na rádio de madrugada e tal para todo o país e aí as forças de resistência deram o pontapé inicial e simplesmente puseram para correr os sanguinários ditadores de Portugal. Que vieram para cá depois, né? Obrigado, viu Tati, você é um amor. Muito obrigado.
Boa tarde, Fernando, querido. Boa tarde. Hoje também é festa na Itália, 25 de abril de 1945, dia da liberação. O dia em que os... fascistas foram postos para correr definitivamente, e acabou a ditadura do maldito Benito, não vou dizer o nome dele, Deus me livre. Se eu digo Tatiana Vasconcelos, como é que eu vou dizer? Ah, seu lindo. Mas vamos lá para o ouvinte, vamos para a aula de hoje, professor, com emoção e tudo.
Vamos, vamos. Vamos lá. Dúvida hoje é do Alessandro Borges, de Fortaleza, no Ceará. É fã, ouve sempre o programa no podcast. Ele viu a manchete num jornal no dia 23 do 3 de março de 2025. que dizia o seguinte, professor, governo aposta em pacote de crédito para baixar juro em um terço. A dúvida é o seguinte, a palavra juro no singular está correta? Até então só havia lido e escutado juros no plural. Juro no singular ou juros no plural tem alguma relação com juro do verbo jurar?
Jura, jura pelo Senhor. Lembra dessa música? Abertura de novela, quem esquece? Só não me peça o nome da novela que eu não vou lembrar. Mas você sabe ou os ouvintes sabem. Daqui a pouco alguém diz. Sim, a resposta é sim. As duas, tanto o juro quanto o juros, têm alguma relação com o eu juro do verbo jurar? Sim. E a palavra juro no singular está correta? Sim.
Ele diz que até então só havia lido e escutado juros no plural. De fato, a predominância do plural com esse sentido, aquilo que se paga por usar o dinheiro de... de outrem, é a remuneração do capital. Nesse caso, a gente costuma ouvir, os próprios dicionários dizem, predominantemente, no plural. Se você procurar aí, Fernando, querido, juro. Você vai ver se está com o funcionário aberto. Estou aqui.
Então, se você escrever juro no glorioso Wise, lá no etc., você vê lá, uso, leia, por favor. Em todas as acepções. mais empregado no plural. No plural. Então, normalmente, é isso mesmo. O Banco Central, o Copom, aumentou os juros, aumentou a taxa de juros, etc. mas isso pode ficar no singular também. O que não pode acontecer no padrão formal da língua, e acontece, muita gente diz, o juros. assim como muita gente diz os ciúmes meus ciúmes e por aí vai aí na linguagem padrão é preciso
fazer a flexão do artigo de acordo com o substantivo. O ciúme, os ciúmes, o juro, os juros. E tudo isso tem relação... Sim, com esse juro do verbo jurar, jurar que tem origem latina vem da ideia de direito. jurar com um juramento, e isso cria a ideia do direito, de estabelecer um direito, uma justiça, ou algo do gênero. Eu tenho um auxílio luxuosíssimo, que tem tudo a ver. É uma canção antológica de Chico Buarque. chamada Apesar de Você, que foi gravada.
que foi gravada em 70, mas a burra ditadura militar, ridícula, não percebeu nada da ironia da letra. A música saiu, fez um baita sucesso e pronto. Um belo dia, um tempo depois, alguém disse, ó, eu acho que esse você aí não é uma mulher amada. Eu acho que esse você aí somos nós, os ditadores, ele está tirando sarro de nós. E estava mesmo, porque o Chico Buarque sempre disse que a ditadura encheu muito o saco dele, mas ele encheu muito o saco da ditadura.
São palavras dele. Vamos ouvir, são duas entradas, a primeira só para preparar o clima e depois a gente vê como o Chico genialmente usa as duas palavras lado a lado. Vamos ouvir primeiro o primeiro trecho para preparar o espírito. Vamos lá. Que inventou o pecado, esqueceu-se de inventar o perdão. É genial, né? É genial. Agora vamos para a segunda parte que vai conter o que interessa aqui para a dúvida, interessa linguisticamente, para a dúvida central do nosso ouvinte. Você jura?
Eu juro. Então vamos ouvir. Vamos ouvir. Vamos lá. É perfeita essa colocação, né? Quando chegar o momento, esse meu sofrimento vou cobrar com juros Esses juros do dinheiro, que poderia ser juros também, mas como eu disse e como atestam os dicionários, como você leu, o uso predominante é no plural. Vou cobrar com juros. Juro. Esse juro é do verbo jurar. Eu juro. Juro que vou cobrar com juros. Esse meu sofrimento é uma expressão popular. A gente diz isso.
Você vai pagar com juros, fulano vai pagar com juros, eu vou cobrar com juros e tal. Juro, juro do verbo jurar, tudo isso tem a ver com a ideia de... de direito, direito no sentido da ciência, do direito, do que é direito, do que está determinado por alguma lei, por alguma regra, por alguma... E aí eu lembro três expressões que têm a ver com isso. Primeiro, fazer jus, todo mundo conhece a expressão, fulano fez jus a, ele fez por merecer, fez por ter direito a, esse jus.
que se escreve com JUS, é... dessa família aí, fazer direito a, fazer jus a. E lembro, se eu disse três, uma é fazer jus e as outras duas são ius sanguinis, isso já é latim, ius soli. que é com o JJUS Sanguinis, é a lei de alguns países, de muitos países, que diz que a cidadania está vinculada ao sangue. É o caso, por exemplo, da comunidade europeia que adota isso.
Eu, por exemplo, sou italiano porque, embora não tenha nascido na Itália, eu sou filho de italianos, tenho direito à cidadania e a Itália me reconhece como cidadão. Isso vale para você, Tati, que é portuguesa. E por aí vai. E o sole é o que vigora no Brasil, vigora nos Estados Unidos, que é o direito de solo. Nasceu em tal lugar, tem a cidadania daquele lugar.
Então, tudo isso está ligado, viu, querido Alessandro? É tudo farinha do mesmo saco. E eu insisto em dizer que, para mim, língua é sempre esse mar imenso, uma coisa puxa a outra. Para mim não funciona. Regrinha de gramática, estou fora. Muito bem Obrigado, professor E pra ir embora Diga, diga, diga A novela é Cravo e a Rosa No Dia dos Cravos E a música do Zeca Pagodinho
Essa música é antiga, viu? Música bem lá do século passado. Pelo Zeca Pagodinho na abertura de O Cravo e a Rosa. Mas o senhor ia embora com outro auxílio luxuoso, certo? É para Chico Buarque, Tanto Mar, música que ele compôs e que foi proibida na época, compôs para a Revolução dos Cragos. Beijo para vocês. Beijo. Feliz 25 de abril. Viva a democracia.