Olá, bem-vindos ao podcast Portugal com História. O meu nome é Renata Correia. Este podcast... surgiu da ideia de partilhar uma das minhas grandes paixões, a fascinante e complexa história de Portugal, com o intuito de criar um espaço de partilha, viajando consigo e descobrindo a história do nosso maravilhoso país. Neste primeiro programa, irei abordar um tema que ainda hoje fascina o imaginário de muitos portugueses, as corridas ao vulfrânio em Portugal. A extração do vulfrânio
foi essencial durante a primeira metade do século XX em Portugal, não só na indústria de guerra, como na vida dos portugueses e da própria nação. O bufrânio ou tungstênio, o apelidado ouro negro, É um metal combinado, concentrado a partir de minérios como a wolframite e a seleta. Na antiguidade e durante muito tempo era visto como um mineral secundário, tipo escória.
Associado à exploração de jazidos de minério de estenho, o bufrânio, a partir dos meados do século XIX, começa a ser usado no fabrico de ligas de metais pesados devido à sua resistência, dureza e densidade. Em tempos de paz, ou da chamada normalidade, a extração deste minério era sedentária, sendo o setor de dimensões escassas que consistia num pequeno número de empresas e explorações,
e, muitas vezes, passava por crises de superprodução. As condições sociais, económicas e laborais destas populações não eram de todas melhores. Pelos procedimentos extremamente artesanais de extração, pela sazonalidade da atividade, pela falta de segurança e higiene no trabalho e pela quase inexistência de infraestruturas sociais, Tudo isto levava a uma precariedade social e económica destas comunidades. No entanto, em tempos de conjuntura bélica, o sentido revertia-se.
passando a existir um crescimento exponencial e uma procura massiva deste minério. Este minério era assim primordial para a produção de munições, máquinas de escavação e para diversos outros tipos de armamentos desta maneira passava-se para um aumento drástico da produção que conduzia invariavelmente a um aumento do emprego como a uma melhoria substancial das condições das pessoas que estavam diretamente envolvidas. O ouro negro era um minério de guerra.
e era essencial à indústria de armazenamento e foi basilar na vida destas comunidades. Em Portugal, houve três marcos históricos.
onde o vofrânio teve um impacto significativo nos conflitos mundiais e, consequentemente, na economia nacional. Estes três momentos correspondem aos períodos de um primeiro período, entre 1914 a 1918 correspondente à primeira guerra mundial um segundo período entre correspondente à segunda guerra mundial e um terceiro e último período entre a correspondente à guerra da coreia ao longo do século
Portugal manteve-se como o sexto maior produtor mundial de concentrados de tungsténio, antecedido unicamente pela China, pelos Estados Unidos da América, pela antiga União Soviética, pela Coreia e Birmânia. Como resultado, o nosso país teve um papel extremamente relevante durante estes períodos no que respeita à procura deste mineiro. Na Primeira Guerra Mundial, Portugal participou ao lado dos aliados.
E na Guerra da Coreia, o nosso país apoiou a Coreia do Sul e o Bloco Ocidental. Em ambas as guerras, a política externa de Portugal consistiu numa postura de proximidade utilizando as suas reservas de volfrânio para apoiar o esforço bélico e, desta maneira, tentar atenuar as dificuldades económicas, financeiras e sociais que o país atravessava.
Já durante a Segunda Guerra Mundial, o país manteve um estatuto de Estado neutral. Esta neutralidade contribuiu em muito para o aumento gigantesco da procura e, consequentemente, para a dimensão desta indústria em Portugal. Esta opção do Estado Novo levou-me a consolidar das relações político-diplomáticas e económicas tanto com Londres e Washington, como com Berlim e Roma. Desta maneira, tanto britânicos e alemães competiram pelo controle do tungsténio luso.
Uma pequena história muito interessante e caso único no mundo ocorreu nas Serras da Arouca, onde tanto ingleses como amães, partilhando diariamente a mesma estrada, o vulfrânio da serra e conviviam em paz os alemães nas encostas do rio de frados enquanto os ingleses ocupavam a paisagem granítica de regojo estes períodos de guerra
contribuiam a nível local para um melhoramento temporário na vida destas comunidades, mas que rapidamente se desvanecia quando a procura deixava de ser essencial. Com a redução da procura e do interesse deste minério, a partir do final da década de e o surgimento de novos mercados produtores bem mais capazes e preparados a extração do velho frame em portugal entra em declínio
e leva a um progressivo abandono das explorações espalhadas pelo país esta realidade teve um impacto profundo nestas zonas de portugal no entanto a história deste mineral não termina aqui e permanece bem presente, tanto no panorama local como na identidade das populações locais, particularmente no interior centro e norte de Portugal, onde se situavam as visitas.
Alguma destas estruturas permanecem bem visíveis e bem preservadas na paisagem. Existe inclusive a chamada Rota do Vuframe, integrada no roteiro de minas e pontos de interesse mineiro e geológico em Portugal, promovidas pela Direção-Geral de Energia e Geologia, que passa por diversas localidades, tais como Vinioso, Macedo Cavaleiros, Velo Real, Aroca ou Covidã. A Mina da Panasqueira
É uma das referências a nível mundial da exploração de Wolframio. Encontra-se há mais de 120 anos em funcionamento e situa-se junto à aldeia da Panasqueira, no concelho da Covilhã. Tentarei! sempre que possível fazer uma recomendação literária e ou cinematográfica sobre o assunto que abordarei. A recomendação literária de hoje é um romance de Aquiline Ribeiro intitulado Vulfrânia.
que nos dá uma descrição minuciosa e mordaz das comunidades que durante a Segunda Guerra Mundial viram as suas vidas mudar profundamente. Também disponível na RTP Arquivos, pode encontrar uma série que retrata a exploração do vulfrânio durante os anos 40 em Portugal, chamada A Febre do Ouro. É uma série com 13 episódios. Espero então que tenham desfrutado deste primeiro episódio. Voltarei em breve para uma outra viagem em Portugal com História. Até breve!