O inferno é a nuvem - podcast episode cover

O inferno é a nuvem

May 06, 20251 hr 19 min
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Summary

Em um debate instigante, os participantes exploram a complexa relação entre fé, tecnologia e sociedade, partindo de um meme sobre o Instagram para discutir o papel dos algoritmos como divindades modernas. A conversa aborda temas como a apropriação cultural pela IA, a solidão na era digital, o tecnofeudalismo e a perda da liberdade individual em um mundo governado por dados. A análise revela como as redes sociais moldam nossas vidas, influenciam a política e transformam as relações humanas.

Episode description

Uma conversa sobre o Instagram, O Espírito Santo, amizades digitais e a transcendência digital de Liliane Lima.


Com Alessandra Orofino, Bruno Torturra e Gregorio Duvivier


Indicações:

Filme ⁠THE SETTLERS - Louis Therroux

Livros TECNOFEUDALISMO: O QUE MATOU O CAPITALISMO, Yanis Varoufakis⁠ e A BOMBA, Howard Zinn

Podcasts Duas e Tanto e Reparação Histérica


Transcript

Bom dia, boa tarde ou boa noite. Está começando mais um Calma Urgente. Nosso podcast, que é também um bate-papo, que é também um... grande enrolação e também é um grande debate e também é porque não uma tertúlia, uma balbúrdia que iria chamar já Antes de mais nada, Bruno Torturra e Alessandra Rufino nessa segunda-feira, 5 de maio, em que eu vos falo. Alessandra continua viajando e eu tô no Rio de Janeiro e Bruno. na mata, na rossa

Salve Greg, salve Alessandra. Ele é o famoso neo-rural. É o hipster neo-rural, sabe? Que vai pra uma disqueira. Hipster. Que coisa antiga fala hipster. É meio cringe hipster, né? Você é o quê? O que que eu sou? Você é um millennial neorural. Um homem de meia idade. Eu não sou millennial. Eu sou a geração X. Que agora tem todo um orgulho próprio, né? Nós é que somos millennials, Greg.

Você é X, é? X é até 81, é isso? Eu sou X. Eu sou 7 e 8. É verdade. Não, eu não sou milênio nem a pau. Ah, então nós é que somos milênio. A gente esquece que o Bruno tinha por 10 anos mais velho. Entrei na internet, eu era maior de idade quando entrei na internet. Pô, que barato. Que barato. Ah, isso é pra quem diz que esse programa não é diverso. Tem diversidade de gerações. E eu, que sou claramente Z, né, gente? De geração X.

um gago, uma pessoa que mora no interior, super diverso. E a gente, pedi desculpas pelo meu microfone, que eu ainda não estou em condições perfeitas. Greg, você nunca está em condições perfeitas. Não ouvi ali. Tá com a internet um pouco ruim ou impressão minha, Alessandra? Tá muito ruim sua internet. Tá rindo atrasado. Tadinha. Parece que ela tá falando com outra pessoa. Valeu! Sai e entra de novo. Tá complicado. A gente tem diversidade mesmo. A gente tem até uma pessoa...

de banda fina e problema de acessibilidade. Bruno, a gente tem mais de uma pessoa de banda fina aqui. Bruno, estou brincando. Vamos lá. A gente vai falar de outra coisa. A gente vai falar de coisas bem mais sérias do que isso. Na verdade, essa semana, vocês disseram como vocês, vou abrir a nossa reunião de pauta aqui.

a gente tinha um monte de coisa pra falar e ao mesmo tempo não conseguia decidir e ao mesmo tempo o que mais nos comoveu foi um meme então a gente vai partir desse meme, a gente vai partir de um assunto sem importância a priori mas que pra gente tem importância aberta Que é uma notícia que virou meme, que eu não sei porque, eu achei muito central, sabe, do nosso Brasil de 2025. Algo te tocou, né? Algo me tocou. É uma notícia.

da Universa Wall que versa sobre Liliane Lima uma modelo ela é empresária ex-modelo ex-modelo Tem razão, casada com o videomaker e ex-participante da Fazenda, Miro Moreira. E a matéria sobre o fato de que ela se conheceram na igreja, na Bola de Neve, e ela está... Esperando o casamento para beijar o marido. Beijar? Eles nem se beijar? Não, só beijar no altar. mas tem algo que me cativou mais que foi a frase sentir o espírito santo dizer volta para o instagram

Ela voltou, ela tinha saído do Instagram, eu vou explicar tudo. Eu quero colocar aqui na imagem, pra quem tá vendo aqui, qual foi o meme que o Greg nos encaminhou aqui. Senti o Espírito Santo falando no meu coração. Volta pro Instagram. Tem muitas coisas aí muito boas, não é? Primeiro o fato de que foi o Espírito Santo, não foi Deus, nem Jesus.

Ou seja, o que é que isso é interessante? Porque eu nunca soube exatamente o que era o Espírito Santo, nem qual era a função dele. Deus criou o mundo. Jesus veio ao mundo para morrer pelos nossos pecados. E o Espírito Santo, ele está mandando as pessoas voltarem para o Instagram. É isso que ele está fazendo. Então vocês perguntam para que serve na Trindade o Espírito Santo? É para isso.

Pra lembrar as pessoas da importância de estar lá nas redes sociais, de estar engajando. Gente, a minha internet cai. Dois minutos de ser internet. Eu volto, o Gregório já tá falando mal do espiritismo. É isso que acontece na minha ausência. Não, não, não. Mal, não. Mal do Espírito Santo. Eu tô lembrando a importância que ele tem. Era um elogio do Espírito Santo. Era um elogio do Espírito Santo. Não, ele tá sendo um objetivo. Exatamente. De acordo com a notícia.

Eu estou fazendo a hermenêutica do Universal All. E eu vou só ler as aspas inteiras, que é, como sempre escolhi as pessoas erradas, decidi que Deus escolheria por mim. Nessa época eu estava fazendo um jejum do Instagram, porque eu não queria nada que me trouxesse de extração de Deus. dos meus estudos da Bíblia mas senti o Espírito Santo no meu coração falando volta para o Instagram

Naquele dia, quando o empresário voltou a usar a rede social, ela recebeu uma mensagem de Miro Moreira, com quem tinha alguns amigos em comum, dizendo que gostaria de conhecê-la. E ela disse...

Respondi que, para ele me conhecer, terei que ir para a minha igreja seguir a minha célula eu não saio com homem nenhum sozinho e aí rola um grande romance e tal mas o essencial pra mim é o fato de que o Espírito Santo mandou ela ir pro Instagram a pessoa queria justamente fugir do Instagram ela tentou sair Ela leu lá o livro do Jonathan Coisa, Geração Ansiosa. Resolveu sair porque a rede social tá fazendo mal. Vou me conectar com Deus.

Vai conectar com Deus, Deus manda aí pro Instagram. Não diz muito sobre o momento atual isso. Que até o Espírito Santo... te manda ver uma tela, que até o Deus, você vai tentar se desconectar, mas o Deus já é filho do algoritmo, o Deus já está algoritmizado, entendeu? Aí isso diz muito mesmo, que até o Espírito Santo está te mandando voltar para o Instagram, e aí? O que que isso significa? Eu queria que eu me explicasse. Tudo nessa matéria significa alguma coisa.

As aspas de Liliane. Liliane, né? As aspas de Liliane dizem muito. O fato dessa matéria existir porque quando eu começo a conversa Liliane é uma influ... casada com um ex-participante de A Fazenda e esses seres humanos são objetos de uma matéria então a existência dessa matéria já diz muito sobre o momento atual depois o conteúdo dela é maravilhoso

o Espírito Santo mandando ela voltar pro Instagram também é muito bom e esse casamento que a gente já comentou aqui de uma nova teologia que é memética e que é perfeitamente alinhada. Com a lógica do hiperconsumo, da internet, etc. Isso dá no Pablo Marçal e dá no Espírito Santo, mandando Liliana voltar pro Instagram. É a mesma receita. É um outro bolinho.

Mas que é a mesma receita base, sabe? Que vai dar nisso. Porque o Instagram, entre várias coisas, ele também é o lugar do puritanismo performático. e proselitista. Então, assim, tem um sentido de você usar esse lugar como o lugar não só da sua evangelização, mas da performance narcísica da sua pureza. E tá dando certo, porque ela arrumou não só o futuro marido, que sequer ela beijou,

mas descolou uma manchete no UOL e um debate nacional em torno desse assunto. Então no Espírito Santo, que corresponde à célula dela, Faz todo sentido teológico, mediático e comercial. Que a Santíssima é trindade, né? O momento que a gente tá passando hoje. E tem mais um detalhe dessa história, que essa história é antiga. Essa história tem três anos, gente, e ela virou meme agora. Ah, ela tem três anos? Estamos também na lógica.

Peraí, não é dessa mais situação. O que que aconteceu? Peraí, eu tô desinformado. Ela casou com ele então? Já rolou o casamento? Casou! casou e não nem beijou o marido até casar inclusive a matéria é sobre isso é sobre a caixidade de Liliane eles já devem ter separado com todo respeito Que loucura. Poxa vida. Acho que não. Ela tá grávida. Teve filho já. Ah, que bom. Já teve filho. O filho também tem no Instagram? Ah, certamente. Espirito Santinho. Calma. O Espiritinho Santo mandou ele entrar.

cara, mas tem algo que corrobora também uma tese que eu tenho de que Deus hoje é o algoritmo o algoritmo ele ocupa hoje o lugar de Deus Eu quero te apanhar. quem faz as pessoas casarem antigamente, quem fazia você se apaixonar era deus, ou cupido, ou alguma divindade acreditava-se nisso, essa coisa de que você é flechado

Acho que você não governa isso. Hoje em dia é o Tinder, é um algoritmo, é o Instagram. Todas as relações amorosas são portadas pelo algoritmo. Porque isso dá o pão de cada dia pra muita gente. é o instagram, para cada vez mais gente é o algoritmo que vai entregar ou não vai entregar o seu conteúdo não importa o que você vende pode ser empada, pode ser personal trainer, pode ser o que for é o algoritmo que vai te dar o pão

então ela te dá o pão, ele te dá o marido você não sabe quais são os seus desígnios assim como Deus que age certo por linhas tortas Você também não sabe quais são os planos que o algoritmo tem para você, porque você não conhece a programação, ele é fechado, então ele determina vidas

ao mesmo tempo que você não sabe o porquê você nunca sabe o que está por trás dele então essa vontade que nos governa hoje é o algoritmo com A maiúsculo é ele que ocupou o lugar de Deus na sua sociedade por isso faz todo sentido a frase de Liliane, da impressão do Espírito Santo, mandar ela pro algoritmo. E o algoritmo, hoje, manda ela pro Espírito Santo. Se ela for no Instagram dela, vai ter um monte de gente mandando ela orar. Ela vai orar e Deus manda ela ir pro algoritmo.

então tem algo que é meio parecido da lógica religiosa da fé Sabe? Completa, assim, que é o fato de que acredita que tem uma programação pra você. Não à toa, programação é sinônimo de algoritmo. Praticamente, o algoritmo é uma programação, não é? Tem um plano pra... é você.

Nesse sentido, eu acho que o algoritmo e o ambiente digital tem algo de uma teologia simplória mesmo. E é muito legal que é o Espírito Santo e não Jesus que tocou o coração dela. Eu acho importante falar isso, porque sempre foi uma dúvida. Que Espírito Santo está nessa trindade aí? E tem uma coisa que é teologicamente interessante, que é o Deus é o transcendente, ele é o inefável. Ele quase não tem nome, ele não tem rosto, ele é inalcançável.

O filho, é Jesus, é o que encarnou, é o ser humano, é o do mundo material, é o que está aqui, lidando com as coisas. E o Espírito Santo, É a conexão. É o mensageiro, é o que leva e traz, ele também é invisível, mas ele aparece, ele age, ele faz as operações, mas ele some, ele não tem forma, ele tem só uma metáfora, ele é um pombo, ele é uma luz, ele é um sentimento e tudo mais.

E nesse sentido, eu acho que tem tudo a ver mesmo com o fato de que tem uma mediação entre o nosso mundo objetivo aqui, o mundo da vida real, e o mundo do inefável digital, das coisas transcendentes que já estão nesse lugar e que comandam a nossa vida, que dão as regras. Então, o próprio Instagram tem o que de Espírito Santo? Ele é o mediador entre os dois mundos, que o carrega na nuvem. E o que encarna aqui no chão, né? Eu acho que ela tem uma teologia de bola de neve aí mesmo. Tem!

é bom lembrar que a igreja dela é a bola de neve church Que também é uma bela metáfora pra o que a gente tá passando hoje, né? Não é? A bola de neve, os fatos que tá crescendo. Uma avalanche. Tem muitas informações que é bola de neve e é uma igreja. É uma igreja chamada bola de neve, já é complexa a ligação. Mas para além disso é uma igreja de surfistas, onde no altar tem uma prancha.

só que a bola de neve de surfistas é uma comunhão de signos a princípio antagônicos que pra mim é muito surpreendente que dê tão certo no Brasil e acho que vale a gente falar entender mais a bola de neve church, porque eu acho que diz muito sobre o momento atual. Puxando o fio de Liliane, Liliane trabalha com moda cristã, é empresária do ramo cristão, cristão empresária.

que também é um fenômeno interessante. E, além disso, olhando as últimas postagens da Eliane, recentemente estava na pré-estreia de The Chosen no Brasil, que é outro fenômeno. do mundo de consumo cristão, que é a série produzida por uma produtora ligada aos mórmons nos Estados Unidos, que produziu essa série de forma independente e depois vendeu pra Netflix.

e hoje tá passando na Netflix. Então tem um fenômeno de consumo que é interessante e que quando você pega ela e você vai abrindo todas as caixinhas dela, muita coisa surge, né? Ela não é especialmente grande, ela não é uma super influencer, não é nada disso. mas ela encontrou um nicho performático no próprio instagram que está exatamente nessa confluência entre consumo, performance cristã, aparência, estética e fama. Eu não sei muito bem como essas coisas convivem e fama.

que é o central nessa questão toda é a fama como uma medição do seu sucesso espiritual também como uma benção em si e aí que o instagram é o espírito santo fala é aí que o jogo tá sim e se você vai no perfil dela no instagram o que você vai encontrar Improfusão, Inteligência Artificial do Estúdio Ghibli. Muitas. Dela com o marido. Ah, dela com o marido. É, dela. Muitas. Você vai ver ela no carrossel de fotos.

dela no estilinho do Studio Ghibli porque a isso é muito louco, ele falou um pouco já como nos revoltou a inteligência artificial já de PT roubando, porque esse é o termo A arte, o estilo do estudo Ghibli. E eu acho que o alcance disso é muito gigante mesmo, assim. Como tá por toda, toda a parte. Essa estética é muito esquisito, assim. E tem uma coisa que é muito triste, que é aquela ideia do Borges de que...

do Jorge Luis Borges, escritor, de que você é influenciado por aquilo que vem depois de você. Então, se alguém imita artistas ou populariza, o artista passa a ser influenciado por seu sucessor estranhamente Sabe, invertendo a lógica do tema. A maneira como nós vimos a arte interior, ela é muito dependente das coisas que vieram depois dela, com certeza.

Por isso eu acho que as pessoas passaram a usufruir de Javan, passaram a perceber de Javan de uma maneira pior depois de Jorge Versilo. Não é porque ele piorou a letra, mas é porque... teve uma população tão grande de uma forma um pouquinho menos sofisticada com respeito de Oscar Silva que é um cara que tem interesse, claro, ninguém implaca tantos hits assim É um talento, mas ele é uma, como o pessoal chama, um jacombe, um javan um pouquinho mais, eu digo assim, pasteurizado, esse é o termo.

E aí passaram a identificar e achar que já era aquilo, mas não é. Porque a gente volta e meio confunde a arte, vamos sério, com os seus. sucessores eu acho que o estúdio Ghibli está correndo esse risco os jovens talvez vejam o estúdio Ghibli e digam nossa Parece o ChatGPT. Esse que é o drama, eu imagino, do Miyazaki e de todos os outros, né? Elas vão ver e falar assim, ah, vão ver aquele filme do cara que faz igual o ChatGPT?

Eu acho que é até pior que isso, porque uma coisa é a pessoa que nunca teve contato com arte e é original e vai supor que é o chat GPT. Mas o que eu acho mais aprofano disso... Por isso que eu acho que a turma do Estúdio Glibe tem muito razão quando fala que a inteligência artificial do chat EGPT é anti-humana, ela tem algo de demoníaco para usar a outra referência do Espírito Santo, o outro equivalente.

Que é, ela acaba com as pessoas que tinham o Estúdio Glebedez da memória afetiva. Não é a pessoa que não conhecia e vai achar que é igual ao chat GPT. É a pessoa que tinha aquilo. como um lugar de expressão artística, nostálgica, ou que tinha uma conexão emocional com aquilo. E o chat GPT meio que polui isso, até pelo excesso de imagem que é produzida com a mesma estética. que certamente foi muito mais vista e muito mais copiada do que a própria produção inteira do Studio Glebe foi.

Então certamente muito mais gente viu, mas não é só isso. As pessoas que viram Estúdio Grib, elas foram mais impactadas com a cópia hoje, perversa. do que com a própria arte e a original. Com certeza. Muito mais gente conhece. Tem uma dissolução real do significado que é muito sério. Tem, perfeito, exatamente. E a nossa lei de copyright, ela não tá, né, de direito de propriedade intelectual.

Ela não tá adaptada a esse universo em que você pode copiar um estilo de forma tão completa e em tanta escala. Que é muito diferente de você copiar uma obra, né? Então você consegue proteger uma obra, mas você não consegue proteger um estilo. Que é exatamente essa brecha que o chat CPT, que é a OpenAI, tá usando pra mimetizar o estúdio Ghibli sem precisar pagar um centavo de direito autoral.

Eu duvidaria muito que Liliane Lima, cujo coração foi tocado pelo Espírito Santo pra voltar pro Instagram, tenha alguma relação com o Studio Ghibli. Eu ficaria muito surpresa. Não é muito estilo, não é muito a cara, não é muito o universo. Mas ela tá ali, botando imagens no Instagram dela. Esse que o Espírito Santo mandou ela voltar para. Essa criação de uma relação com o público.

que aliena o artista do seu público, né? É diferente do artista estar alienado no próprio processo de produção, que isso é um outro problema da própria indústria cultural. Mas é você terminar de alienar o artista do seu público, porque, apesar disso, ela é público do Estúdio Ghibli, necessariamente.

A partir daquilo que ela está consumindo. E isso é muito terrível. E é talvez a extrapolação mais contemporânea do que a mediação de rede social já fez em relação aos nossos outros afetos, que não é da gente com os nossos artistas, que a gente admira, mas é da gente com os nossos próprios amigos e outras pessoas na nossa vida.

Que é uma das razões, gente, você já vai estar se perguntando aí por que a gente tá falando de Liliane Lima hoje. Mas uma das coisas que nos chocaram nos últimos dias foi as últimas declarações do Mark Zuckerberg sobre o uso de inteligência artificial no Facebook. e acho que o Bruno pode contar um pouquinho mais do que ele falou, mas tem a ver com exprodução. Tem a ver com o Instagram? Tem a ver com OpenAI e o Estúdio Gimli.

Bom, tem muita coisa aí. Acho que antes de entrar no Marcos Zuckerberg, eu vou só pegar uma outra e eu mergulho nele em seguida, que você falou sobre a... Sobre cópia de estilo, sobre plágio de estilo. E eu acho que tem uma questão aí muito triste, na verdade. Que é muito louco como o conceito de apropriação é cultural. E que na minha opinião ele se realiza muito mais nesses espaços. Do que na maneira tradicional que a gente discutiu nos últimos anos. A apropriação é cultural.

Eu, na verdade, eu acho que muita gente tomou essa crítica de maneira mais ou menos injusta, porque eu acho que grande parte da cultura Tem um quê de apropriação mesmo. É você se apropriar de algo, você usar algo, você produzir algo novo, mais ou menos copiado e que vai evoluindo dessa maneira. A gente teve uma conversa super importante, super difícil em relação a... raça, povos, países e a continente

Mas certamente o que o chat GPT faz é uma máquina de apropriação cultural mesmo. De apropriação dentro de um lugar patenteado. E isso que é louco, porque se não dá pra proibir isso, isso é uma coisa louca, porque a esquerda, eu sou da geração do Napster, e a gente tinha brigas reais, assim, tem que abolir propriedade intelectual no sentido antigo.

A gente precisa de uma internet que tudo é de todo mundo pra recriar novas formas de ganhar de dinheiro com o trabalho criativo. A gente liberou música de graça, filmes de graça, a gente tinha a pirataria como uma... A posição é política. E se inverteu tudo. Hoje a gente está tentando defender a propriedade intelectual, não para defender os artistas milionários que estavam sendo pirateados, mas a própria arte. De não virar um commodity em que só os Zuckerbergs da vida ganham.

Então o único jeito do Studio Glebe ser pirateado, sem que isso seja um abuso completo, é que o algoritmo, a patente, o próprio e-código, seja de todos, aberto. Isso não pode ser do Sun Altman. entendeu? e ele fazer o discurso do copyleft para virar um dos homens mais ricos do mundo em um ano e meio. Então isso é uma inversão de apropriação. que a gente não conseguiu nem medir ainda e o Zuckerberg está indo para um lugar ainda mais distópico acho que

O que o Elon Musk representou, o que o Saul Altman representa. Muita gente esqueceu que o Zuckerberg tem uma vilania muito própria. Ele criou uma distopia. Ele comprou o Instagram. que o Espírito Santo aparentemente nos encoraja para transformar nessa máquina que a gente está falando. E agora ele anunciou em dois podcasts na última semana. Aliás, um deles vale muito a pena ver para você ver. o quanto que essa pessoa é robotizada, no pior sentido da palavra, ele não consegue dar uma entrevista.

Sem parecer uma pessoa completamente artificial. É muito louco. Mas ele falando que está chegando e está chegando rápido. Esse é o futuro das plataformas do próprio Zuckerberg. As amizades com inteligência artificial. E o motivo pelo qual ele está defendendo isso é o mesmo motivo hipócrita e muito distópico que ele defendia o Facebook lá atrás. É que com a inteligência artificial você vai ter uma A conexão mais real.

com as coisas que você realmente precisa porque ela é customizada para as suas necessidades sem o confronto e sem a frustração do encontro real humano

Isso pra mim, assim, é uma vilania gigantesca. Evidente que ele tá fazendo isso por motivos comerciais pra se manter na... na frente da sua fortuna e da sua plataforma, mas também é um testemunho muito forte do tipo de mentalidade que fundou o Vale do Silício, que são pessoas antissociais, que sequer entendem a beleza das relações humanas necessariamente imperfeitas.

que é o encontro e não a customização. E isso tá chegando, e tá chegando rápido. Já chegou, isso já chegou. A gente falou desse livro aberto na quarta-feira no Clube do Livro pra quem tava lá. Desculpem a repetição, mas eu adorei esse papo que tive com o Bruno.

que é como as pessoas que inventaram o computador logo, a inteligência artificial, o von Neumann e tal que é tema do livro Maniac como essas pessoas, elas eram misantropas assumidamente, eram pessoas que não se importavam muito com o humano tanto é que defenderam jogar uma bomba no Japão e queriam que jogasse uma nova bomba ou duas bombas na Rússia uma bomba de hidrogênio para acabar logo com a chance da Rússia ter bomba ou jogar de volta uma bomba preventiva na União Soviética

em 1952 ou 3 eram pessoas que odiavam o humano mesmo assumidamente e essas pessoas dão uma linhagem de não diria qual o termo pra eles assim tecnocratas não é o termo mas assim de grandes empresários de tecnologia, como o Demis Hassabis, que é um dos pioneiros da inteligência artificial, que passam a vida, dedicaram toda a sua inteligência, são pessoas muito inteligentes,

não a tornar a vida humana mais gostosa, mais fácil, mais agradável, não a tornar a sociedade mais justa e mais humana, mas dedicaram todo o seu capital financeiro e intelectual a superar o humano então é o contrário do que a tecnologia deveria fazer que é servir o humano tornar a vida humana mais justa não, aqui a tecnologia serve para superar o Mano, para humilhá-lo, inclusive, no caso do Denis Rassabes, que é o cara que venceu o melhor jogador de gol do mundo.

um virtuoso do Go, o Go é uma espécie de xadrez chinês resumindo muito, mas enfim a história que está contada no Maniac, tem também um bom documentário no Youtube sobre isso essa vitória da inteligência artificial, essa vitória improvável da inteligência artificial em cima do humano, o Go, esse jogo era o último reduto entre os jogos, o último reduto em que o humano vencia. e a inteligência artificial investiu todo o seu capital em vencer NUGO

em tornar, como eu falei, a vida humana mais agradável. Não investiu todo o capital em medicina ou tornar a gente mais saudável, não. Investiu em vencer um humano. Muitos, muitos milhões de dólares. caríssimo essa vitória milhões de dólares, de horas, de tudo. Por quê? Pra quê? o cara que foi vencido que era o melhor jogador de gol

Talvez da história, um jovem se aposentou. Falou assim, perdeu a graça pra mim o jogo, porque eu vou jogar um jogo que a máquina joga melhor do que eu. Não vale. E o cara sentiu, claro, o inventor da inteligência artificial, venceu. Feliz da vida. Ganhei. Venci o humano. Um jogo perdeu a graça pros humanos. Ganhei. Ele pensou. Fazendo a máquina ganhar. Esse impulso de ganhar dos humanos, acho que tá muito na origem da noção mesmo de amizade.

que o Marcos Zuckerberg inaugura com o Facebook, né? Pra mim, tem uma apropriação do próprio termo. Facebook te deixava adicionar amigos e a ideia de que um amigo é um amigo de Facebook. é algo novo que muda a própria concepção de amizade pra muita gente e agora quando ele decide que ele vai introduzir amigos que são, na verdade, chatbots de inteligência artificial. E ele posiciona, isso que é crucial, ele posiciona essa inovação como algo que responde à epidemia de solidão.

Então o que ele está dizendo é, o americano médio tem menos de três amigos, ele traz esse dado. O americano médio tem menos de três amigos, o que é um dado muito triste, né? Já estamos aqui, gente, entre nós três, melhores do que os americanos médios. Não, somos dois, somos dois. Só que não ficamos, gente.

Tá faltando um. É verdade. Mas tem o Vitor. O Vitor tá aqui no baixo do lado. É isso, pronto. Já resolvemos os nossos três amigos. Show pra Estados Unidos. Mas é muito doido que ele posicione dessa forma, porque ao mesmo tempo... Se ele levasse em consideração os amigos de Facebook, ele não estaria dando esse dado. Entende? Porque o americano médio deve ter, sei lá, 300 amigos no Facebook pelo menos.

Então ele está usando o dado de três amigos ou menos porque ele sabe que o que ele chama de amigo não é amigo de verdade, senão esse não seria um dado confiável para ele próprio. Então eu acho revelador. que o Mark Zuckerberg, que se apropriou do termo amigo para aplicá-lo para uma coisa que não é amizade, revele ao dizer que o americano médio tem menos de três amigos,

Que na verdade ele nunca acreditou que aquilo fosse amizade de verdade. E ele revela isso ao introduzir uma nova amizade que é menos amizade ainda. Que é a amizade com o robô do chat de chapete. E o que ele não... Não do chat de chapete não, da meta AI, né? Que é a AI dele.

Mas o que ele não revela na frase, que é o modelo de negócio da meta para o universo AI, é que esses companions, esses companheiros de AI, eles fazem uma coisa muito perversa que é... se apropriar comercialmente de algo que não estava tão facilmente disponível para os modelos de treinamento de máquinas até muito recentemente. que são os nossos pensamentos e ideias íntimos

Realmente íntimos. O que a gente joga no Instagram, o que a gente joga no Twitter, o que a gente joga no Facebook é performance. É aquilo que a gente quer que o mundo veja sobre nós. E é muito grosseiro do ponto de informação individual. E é grosseiro. É. A ideia, a esperança dessa galera é que ao introduzir a figura do companheiro AI, você vai revelar um outro eu pra esse companheiro que você jamais revelaria numa plataforma pública.

que é o seu eu mais íntimo porque você vai estar desenvolvendo uma relação que ela é um simulacro de amizade aonde esse eu mais íntimo ele aflora né e nesse lugar dessa intimidade esse é um lugar muito rico de extração de dados e de informação com maior poder de persuasão e, portanto, maior uso pra publicidade, pra supervisão, pro capitalismo de supervisão. É um modelo realmente inovador de extração de dados.

que evidentemente depois também alimenta cada vez mais formas de treinar a inteligência artificial mais sofisticadas para que ela possa emular a amizade de maneira mais sofisticada também. Mas uma coisa que todo mundo tem que saber é que quando você fala com um chatbot, absolutamente tudo que você fala... é de propriedade da empresa que está te oferecendo aquele serviço não necessariamente os seus documentos a OpenAI por exemplo oferece

um serviço para empresas, em que você não poderia usar os documentos para treinar outros chatbots. Então tem maneira de você pagar mais caro. para tentar extrair os seus dados desses modelos de treinamento. Mas o tipo de reação, a maneira como você reage, o tipo de pensamento que você expressa, isso não. Isso tá pra jogo comercialmente. E nos Estados Unidos, por exemplo, a Europa agora tá com uma lei no Reino Unido que tá...

Começando a inaugurar a possibilidade de você opt out, né? De você poder te tirar. falar que os seus dados não vão ser usados para treinar modelos Mas nos Estados Unidos isso não existe, você não pode, no Brasil também não. Então você pode até pedir para que alguns dados específicos sejam apagados, existe todo um debate sobre o direito ao esquecimento, mas você não consegue opt-out completamente, sair completamente desse modelo extrativista.

de informação, o que é especialmente preocupante pra esse tipo de companion. E aí eu fico pensando, a gente fala assim, filhos de Liliane, Liliane do Espírito Santo. já tinha um instagram não sei se tem mas tem um monte de fotos das crianças no instagram eu fico pensando nessas crianças que não só já é uma realidade que elas têm a sua imagem pública exposta desde que elas nasceram em redes

sociais que pertencem a empresas, não são redes sociais, né? Em plataformas de empresas ultra, ultra monopolistas. Mas agora tem uma outra camada, então a camada pública dela já tá exposta. A camada íntima delas também está prestes a ser. Porque elas vão crescer num universo populado por amigos de AI. Por esses companheiros, esses bots que vão falar com elas desde o início e que vão poder acompanhar a evolução intelectual, cognitiva e afetiva dessas crianças.

E ter propriedade sobre isso Nesse sentido, o algoritmo é Deus Ele gera vida E ele, ele falou interessante, ele sabe muito mais do que os regimes totalitários em geral. Ele sabe o que você está pensando.

mesmo antes desse amigo, que você vai se abrir completamente, ele é Deus, ele tem acesso ao seu pensamento, porque você, aquele nanosegundo que você espera para scrollar, numa foto é o bastante você não falou, ou seja, na verdade é até anterior ao pensamento ele conhece ele conhece seu desejo anterior ao pensamento ele sabe coisas que você não sabe que sabe sobre você

Então eu até acho curioso gente que fala coisas tipo assim, ele tá ouvindo o que eu tô falando, ele não precisa ouvir o que você tá falando, sabe? A gente fala assim, porque eu falei que eu queria, meu sonho era conhecer a Turquia, eu falei isso com uma amiga, E aí, de repente, eu vejo que tem anúncio de viagem da Turquia aqui. Como é que ele não me ouve?

Só que ele não precisa te ouvir. Porque aquele nanosegundo que você scrollando passou numa foto de balão da Capadócia já é o bastante pra ele saber. Você nem lembra que passou. você nem sabe que parou no segundo você não lembra o impostor, ele lembra, então ele tem acesso ao que você não sabe sobre você Então é mesmo uma categoria divina. E é meio pior que isso, porque não é nem que ele pegou o seu na nossa segunda individualista. É que nós achamos que nós somos indivíduos ultra singulares.

e o que eles fazem na verdade é que você é um tipo de pessoa Porque eles vão comparando um volume de dados tão grande que eles sabem que esse tipo de pessoa que passa 3 segundos mesmo, não nanosegundos, vendo um tipo de pegadinha, tende a gostar da Turquia. Por uma questão de amostragem, você faz parte de perfis muito detalhados de que tipo de coisa vai te interessar de muitas e muitas formas. Não é só porque ele te customizou, é porque a sociedade inteira foi mapeada, então ele te entende.

Pumera é associação. E isso é uma coisa que me preocupa muito, porque até quando a gente fala sobre amigos de inteligência artificial, que é algo que eu vou afirmar aqui, que eu nunca vou ter. Não pretendo ter, não tenho na vontade, acho terrível. Não vou deixar que meu filho tenha e tá tudo certo. Mas o problema não é individual. O problema não é individual. Não é se o meu filho vai ter ou o filho da Liliane vai ter.

O problema é que no volume a sociedade inteira fica refém desse tipo de conhecimento que essas máquinas vão ter a respeito da mente humana. Não da minha mente individual, da Alessandra, não da minha privacidade doméstica, mas da minha privacidade como ser humano que se parece com tantos outros. Nesse sentido, eles vão ter um super aéreo a poder.

em cima de quem não usa essas ferramentas De quem faz a opção difícil de não usar rede social, de não ligar inteligência artificial, de morar longe da cidade, de não ter wi-fi, qualquer coisa. vegana digital que você faça na sua vida, você está sujeito ao domínio do grande espírito santo digital que está pegando esses nossos dados e mandando para lá e nos devolvendo.

Com novas ordens, né? Com novas inspirações. Eu concordo, Bruno, e pra mim é exatamente o análogo da discussão que a gente tava tendo sobre o Estúdio Gui e Propriedade Intelectual, né? A diferença entre você copiar uma obra e você copiar um estilo. Então você pode até sair, você pode se desconectar desses espaços, dessas plataformas, o que torna talvez a sua singularidade perfeita.

menos copiável, menos apropriável comercialmente. Mas o estilo, ele é difuso. E a gente é muito menos único do que a gente imagina que a gente é. Ninguém é tão singular assim. Isso sim é que pode ser copiado e isso é muito mais difícil de você. contestar a partir dos instrumentos que a gente tem de contestação via judicial etc porque a gente não construiu instituições mesmo e formas de gerir conflitos

que são adaptáveis a essa escala, a essa escala de informação disponível. Exato. Então você vai, é exatamente a situação do Estúdio Ghibli. Não é tanto que eles pegaram um filme do Estúdio Ghibli e falaram que a gente vai copiar idêntico.

Mas eles pegaram um monte de dados de arte produzida pelo Estúdio Ghibli, pegaram também a arte derivativa do Estúdio Ghibli, que já existia. Existiam vários artistas que copiavam o Estúdio Ghibli, que faziam coisas no estilo D, mas numa escala muito menor. As reações a isso... E aplicaram isso a uma outra base de dados que é gigantesca também, que é de outras referências, de formatos, de pessoas, de coisas, das fotos que você mesmo faz o upload.

para receber em estilo Estúdio Ghibli e assim por diante. Então a gente está realmente num marco sem cachorro. E aí eu me pergunto o quanto que, para além da possível hipocrisia, mas o quanto que quando alguém como Liliane diz

o algoritmo não é um espírito santo me mandou voltar para o instagram que isso não é uma tradução de uma coisa que todo mundo sente em alguma medida que é algo maior do que a gente que vai nos compelindo a estar presente nesses espaços onde a gente na verdade talvez nem queira estar

A quantidade de gente, quando eu falo que eu não tenho Instagram, por exemplo, que me diz, mas eu não posso sair do Instagram por razões X profissionais, em geral, que as pessoas alegam. Na verdade, poderiam. Eu acho que tem algumas pessoas que realmente teriam muitas dificuldades porque tem um business, tem um negócio. que existe no Instagram. Eu vendo bolo e o meu canal de venda é o Instagram. Sem o Instagram não chego na minha audiência, não chego no meu público.

Tá bom, isso acho que até existe. Mas pra maior maioria das pessoas que me dizem que elas não podem sair no Instagram porque elas não conseguiriam trabalhar, isso não é verdade. Não. A sua audiência no Instagram não é tão grande nem importante assim. Eu concordo com a Alessandra. Alê, desculpa, desculpa, não é. Sabe por quê, gente? Eu vou dizer por uma condição de ator. Óbvio que você poderia trabalhar. Aí você pode dizer, Wagner Moura não tem Instagram?

Cate Blanchett, talvez não tenha. A menina que ganhou agora o Oscar, a maravilhosa. É, ela ganhou um Oscar. Se eu ganhasse o Oscar, eu também não... eu sairia do Instagram. Agora, a pessoa que tem 25 anos, ou 30, ou 50 anos e tem lá seus 10 mil seguidores a Netflix, só faz teste agora mudou tá a postura porque foi muito criticada mas é uma notícia que Netflix um casting Netflix apenas para quem tem mais 10 mil seguidores o teste

Teste. Então não é só que você tem que ter Instagram. Você tem que ter um Instagram bombado. pra fazer teste. Não, Greg, você tem toda a razão. Aí você vai dizer assim, não, mas não tem que, porque muito ator não... Não, esse é um exemplo de alguém que de fato tem. E o mais louco assim, mas é porque ela não tem que, ela não é feito vender bolo, ela não usa o Instagram pra vender nada, o ator.

O trabalho do ator não é o Instagram. Mas se eu falo o nome de um ator para você, para um produtor de aliança com o diretor, ele vai direto para o Instagram. E se você não tiver Instagram, você não existe. Isso vale para escritor...

tá? mesma coisa, no sentido as pessoas medem pra chamar pra uma feira literária pra qualquer coisa, deixa eu ver ele, olha tem que chegar bombado vou chamar porque vai ter público virou uma métrica social que infelizmente se você está começando você precisa, nem começando você está no momento médio você precisa, a não ser, ou seja, é um status muito, não ter instagram é um puta privilégio

inclusive pra você Alessandra, você não tem porque você é foda, porque você é uma pessoa que conseguiu um lugar profissional de respeito, mas é verdade então assim, não é que você não tem instagram porque você é uma pessoa muito É o contrário, você já tem um nível profissional, desde muito nova, por mérito próprio, totalmente, mas que faz com que você não precise. Então a merda do Instagram pra mim é essa, a merda das redes sociais é essa.

tem um privilégio de classe de não tê-los, entendeu? pode ver que em geral pessoas também muito ricas ou muito... não tem porque não precisam Entende? Infelizmente, quanto mais pobre hoje é, mais você precisa das redes sociais. Essa pra mim é a parte mais triste. Mas Greg, mas você tá falando de ofícios e profissões que dependem de popularidade real, não é assim?

Falar de jornalismo, tipo escritora, tudo bem. É gente que movimenta público como modelo de negócio mesmo. Mas você falando sobre O cidadão e o cidadão é comum mesmo, que são as profissões que não dependem de popularidade individual para ser medida de sucesso. Eu acho que o que o Instagram entrega é uma outra coisa que tem mais a ver com o Espírito Santo mesmo, que não é o profissional.

Não é porque o mundo está te demandando fama para você conseguir ganhar o seu salário de professor, operário, balconista, alguma outra coisa assim, dono de algum outro estabelecimento. Mas o que eu acho que tem na fala da Liliane, que é muito interessante, que eu acho que dialoga com o vazio que as pessoas sentem quando estão fora do Instagram, é que ela fala assim, eu saí do Instagram pra procurar Deus.

E aí o Espírito Santo falou, volta pro Instagram. O que aconteceu entre uma coisa e outra? É isso que é interessante, porque assim, ela ficou sem durante um tempo. seja uma semana, cinco dias, dois meses, um ano algum período de tempo Ela parou e chamou de jejum ainda, que é um termo correto para falar biblicamente. E aí ela fala que o Espírito Santo a chamou. O que ela descobriu lá de algum jeito? É que Deus não estava lá. Ela não se conectou com Deus fora do Instagram.

A única conexão que ela fez com Deus é ele falando, volta, eu tô ali, é lá que tem sentido, é lá que a vida se preenche de verdade. E acho que isso tem a ver... com a lógica de testemunho mesmo Com a lógica religiosa mesmo, de você assim, se você não faz proselitismo, se você não evangeliza, você não tá fazendo a obra mesmo.

E no mundo narcísico, o eposelitismo é de você mesmo. Então assim, olha a minha vida, olha... O meu filho, olha a minha festa, olha a minha diversão, olha o meu show na Lady Gaga, olha como qualquer show hoje em dia é um mar de celular, gente, não é de pessoas tendo uma experiência. é das pessoas fazendo questão

de serem vistas tendo essa experiência como a única forma de produzir sentido daquilo que elas estão passando. E nesse sentido, o Espírito Santo fala volta, porque é aqui que tem sentido na sua vida. É isso que eu fico mais preocupado. Eu concordo com ambos.

Eu acho que o que o Greg falou sobre o privilégio de classe em sair da rede social é real, é verdadeiro. Inclusive porque existe, dialogando com o que você falou, Bruno, uma outra coisa que a gente já comentou várias vezes aqui no Calmo Urgente,

que é essa mudança muito profunda do mercado de trabalho em que cada vez menos você tem essas profissões que não dependem de público Porque num mundo em que todo mundo é empreendedor de si próprio, você depende de público sim, pra muita coisa, pra muito mais coisa do que a gente dependia a...

Sei lá, 20 anos atrás. Então você tá sempre vendendo alguma coisa, você tem sempre um hustle, né? Tem sempre algum negócio que você tá precisando emplacar. De curso a brigadeiro. Mas tem alguma coisa que você tá vendendo. E aí essa plataforma de vendas, ela precisa existir. E da venda de você como pessoa, como personalidade, como marca. Você é a sua marca também. Então essa construção de marca se dá no Instagram e acho que de fato é um privilégio poder prescindir disso.

Ao mesmo tempo, acho que é muito mais possível para muito mais gente do que o número de pessoas que realmente optam por isso. Por isso que o Bruno falou, porque também é um produtor de sentido. Eu acho que é principalmente isso. Porque mesmo o precarizado... Ele precisa vender algo para a pesquisa de rede social. Mas vamos falar aqui. O precarizado clássico. O motoqueiro de aplicativos. O motorista de Uber de aplicativos.

Essas pessoas não dependem de popularidade, elas são mediadas por plataformas. Não tem nenhum sentido para essas pessoas, mas ali tem valorização social. Ali é o lugar onde você vai produzir algum tipo de sentido e reconhecimento do seu trabalho. Se você é tão mal pago e a sociedade não te valoriza,

É ali que você vai ter um like, que você vai ter uma comunidade, que você vai criar uma estética de você um batalhador. É ali que você vai produzir a história que está matando um leão por dia. Não é com o seu passageiro. E aí é o sentido mesmo que você vai achar na rede social.

E a não compreensão disso vai dar nessas políticas públicas mal ajustadas para a regulação dessas profissões. Com certeza, exatamente. A gente também comentou aqui quando a gente falou da nova legislação do trabalho. Vai lá, Greg. Isso. Não é porque o motorista de Uber, por exemplo, não precisa do Instagram para sobreviver. A profissão dele não depende dele ter uma rede social bombada. Mas ele precisa para todo o resto, gente.

ele precisa pra se relacionar amorosamente por exemplo ninguém mais vai a bar e paquera e conhece gente as pessoas conhecem gente através do instagram ah não, eu uso a Tinder o Tinder é vinculado ao Instagram ou a alguma rede social você não consegue abrir até pra relação afetiva ele precisa pra relação entre amizades, pra saber onde as pessoas estão a gente precisa pra todas as escalas da vida, a não ser que tenha muita grana, porque a pessoa que tem muita grana ela

Tem um esquema, ela tem o Neymar da vida, ele tem os parças, ele tem uma sociedade em volta que gira em torno e que produz o que ele precisar. Ele tem uma rede social ao vivo da vida. mas assim, e tem o Instagram também no caso dele, e inclusive Paquera também pelo Instagram também no caso dele, mas o que eu quero dizer é o seguinte a gente precisa, não é só pra ganhar a cara, infelizmente

Todas as instâncias da vida são reguladas por lá. Todas já são. E aí você torna Deus mesmo, porque é imprescindível, é onipresente, é onisciente, sabe? Tudo sobre você está presente em todos os lugares.

governa a partir de designios que não são claros, eles não são transparentes acontece o acontecimento divino você não sabe porque que aconteceu mas você confia ou suspeita ou de alguma forma intui que existe uma ordem nesse governo ainda que essa ordem não seja clara imediatamente pra você e esse elemento do testemunho de você ter que demonstrar uma certa fé naquele espaço para que ele possa te render fruto

também é parte da lógica da rede social que é se você para de postar se você não entrega conteúdo ela também não te entrega de exposição então você precisa ficar um pouco escravo de algo mas não é uma lógica simplesmente clara de troca né não é eu dou algo em troca de algo porque também não tá claro quanto exatamente você precisa apostar para ter mais exposição é uma coisa que você vai ali testando e tentando agradar a algo Isso que é curioso, olha...

A gente chegou numa distopia que parece muito com o Velho Testamento. É isso que eu acho curioso. Porque a maioria das pessoas que inventou um futuro

E eu adoro. O Bruno, mais ainda do que a gente, eu acho, gosta de literatura de ficção científica, literatura distópica, o que for. Eu tenho a impressão de que nenhuma inventou uma em que o controle das pessoas se dá dessa forma tão sutil, geral, onipresente, onisciente que se parece muito com Deus do Velho Testamento curiosamente a tecnologia se aproximou daquele Deus bíblico

Porque a maioria das ficções que imaginaram o futuro imaginam uma coerção física, mas o pensamento consegue escapar. Então, em 1984, mais clássico, existe um estado totalitário que instala câmeras e te obrigam a botar a câmera na sua casa nem a gente não imaginou que a gente ia pagar por essas câmeras que são celulares

Que a gente ia gastar uma nota, que a gente ia financiar essas camerinhas aqui. Que a gente ia se endividar e ia dançar, exatamente. A gente ia fazer dancinha na frente da câmera que tá nos vigiando. ia tirar a roupa pra câmera pras pessoas estão a gostarem mais da gente ninguém nunca imaginou que a gente ia de livre e espontânea vontade dar tudo que a gente tem pra essa câmera gostar da gente e que ela ia ter acesso não só o que ela vê

Mas ao interior da nossa mente. Que a gente ia se abrir com ela como um melhor amigo. E que a gente ia entregar tudo que a gente tem de afeto, de amor. Que a gente ia deixar estar... com nossos filhos para estar escondido no banheiro olhando para essa câmera porque a gente prefere a companhia dessa câmera a companhia de pessoas reais

dos nossos filhos, de crianças. Vai a qualquer pracinha. As crianças estão brincando e os pais estão sentadinhos no seu celular. Ai, Gregório, não me deprime então. Mas é verdade, gente. Vendo stories, né? Vendo stories. É isso que eu acho enlouquecedor. Cara, eu não tenho problema em conversar com uma pessoa que está no celular.

se a pessoa estiver resolvendo coisas, eu também faço isso. Estou resolvendo só um instantinho. Fala que eu estou respondendo aqui. Agora, isso daqui, enquanto você fala, esse gestinho, ou esse, ou o que for,

Cara, é enlouquecedor. Porque você tá escrolando. É pra acabar com a amizade. É pra você perder um dos seus três amigos. Eu acho. Não é que você tá preferindo trabalhar, você tá preferindo ler uma coisa que você tá... Não, você tá preferindo a aleatoriedade de pessoas que você não conhece na companhia de uma pessoa real à sua frente que tá te contando uma história.

acho isso enlouquecedor, é mesmo a vitória da distopia, cara mas é isso, eu acho que a gente não conseguiu a mente humana não tinha conseguido vislumbrar uma distopia antiga, uma distopia tão ancestral, tão pré-história, tudo quanto o algoritmo. Mas eu posso estar errado. Talvez alguém já tenha inventado. Não, você tá certo. Não, e ela tem uma linguagem, né? A gente tava falando um pouco isso mais cedo, mas ela tem uma linguagem ideológica muito parecida com o clichê cristão do velho...

Cristian é do Velho Testamento, nem é cristão, é do velho Deus mesmo. Que é a nuvem, você manda as coisas pra nuvem, você faz um upload e faz o download quando você recebe. Isso é totalmente arbitrário. Você poderia mandar a informação para o subsolo e você faz o upload quando você vem para sua casa. Mas não. Você intuitivamente acha que isso está vindo do céu.

E esses mesmos utopias... É uma força transcendente. É uma força transcendente. Ela é imanente. É mentira. A nuvem é um data center, gente. É um computador. É um data center consumindo água. Não é nuvem. Não tá na nuvem. E é louco. Pra você ver como a coisa... é demoníaca hoje em dia os data centers mais avançados ficam no subsolo pra se proteger de radiação, atentado, tempestade solar, uma série de coisas, pra ser mais fácil refrigerar.

Eles ficam no inferno. Eles ficam literalmente no subsolo. Embaixo da terra, que é o lugar onde a gente achava que o diabo vinha. Então assim, eu acho que tem algo de demoníaco mesmo. Quando você vê o Zuckerberg, uma pessoa que claramente não tem alma, se eu acreditasse... em algo assim, falando sobre como ele vai mais uma vez falar como é que as relações humanas vão se dar e agora mesmo muito mais profundo.

Tipo, ele falando, e isso é uma coisa muito doente, ele falando que as pessoas estão muito solitárias, e por isso ele vai criar Amigos Digitais, é tipo a Felipe Morris fazer um monte de hospital do câncer particular. Ele cria o problema do super isolamento, da atomização dos seres humanos, cria um monte de gente viciada em celular, e depois ele fala, mas eu tenho aqui o problema, já que tem tanta gente solitária, eu vou te dar a outra solução.

só que na verdade não é um hospital, é como se a Felipe morre distribuísse nesse hospital para curar o câncer Cigarros. Porque o que é louco é que ele não vai tratar o câncer. Ele vai agravar o câncer. Se o problema é que as pessoas estão sozinhas... Eu tenho um hospital aqui, um tratamento baseado em alcatrão. Eu acho que Alcatrão vai resolver isso.

Agora, tem algo ainda mais louco no diagnóstico que ele faz, que é esse diagnóstico das frustrações com as amizades reais. Não é só um diagnóstico quantitativo, né? Não é só o americano médio com os amigos. É também a qualidade. As pessoas não estão disponíveis quando você precisa delas. É a frustração e a dificuldade que é se relacionar. Se relacionar é difícil.

pra caramba, entendeu? E não é óbvio, e as pessoas são ocupadas, e mesmo seus amigos mais queridos nem sempre vão conseguir te entregar aquilo que você esperava deles, e nem sempre você vai conseguir seu melhor amigo possível. E passa, inclusive, pelas cobranças. Uma amizade também é ser capaz de você falar, pô, tô precisando de você.

Tipo, acorda aqui, vem aqui e ser cobrado, ter esse conforto, negociar o conflito, negociar o diferente. E o chat GPT, enfim, o chat GPT, ele tá dizendo chat GPT como um atalho pra falar de inteligência artificial, né? A inteligência artificial é ao mesmo tempo um sugador de toda a produção intelectual, artística, estética do mundo, da história.

então ela suga aquilo todo pra gerar uma base de dados absurda a partir da qual ela vai treinar esse modelo de linguagem mas ela também é espelho Ela também é algo que vai te entregar exatamente aquilo que você está pedindo ou esperando a partir de um reflexo que é seu.

Então ela consegue ser as duas coisas, ela consegue ser muito exógena, não tinha como ser mais exógena, nada pode ser mais exógeno a você do que tudo que não é você, tudo que já foi produzido e feito no planeta, e ao mesmo tempo muito... muito subjetiva, muito talhada a sua imagem e semelhança. Talvez ela seja menos o Espírito Santo e mais uma espécie de filho de Deus em que você é Deus, sabe? que é tudo e é você também tem algo muito reconfortante nessa relação

Porque é uma relação que nunca te desafia. Mas ela até pode te desafiar, se você quiser que ela te desafie, né? Se você pedir o conflito, ele te entrega o conflito. Mas só na medida em que você tá pedindo, desejando e buscando. Não tem surpresa possível.

a Alessine não porque ela tem uma mecânica muito perversa e talvez você por não usá-la você tenha a sorte de não conhecer que é o seguinte, ele não te entrega, o algoritmo não te entrega o que te faz bem, o que melhora a sua saúde mental ao aquilo que você gosta, ele te entrega o que te prende, o que te hook, para usar um termo em inglês que eu peço perdão Então, muitas vezes é o que você odeia, é o que te deprime, é o que te ferra, é o que te prende, é o que te revolta, é o que te angustia.

Sabe, o algoritmo não te entrega aquilo que você pediu ou aquilo que você sonhou. Ele te entrega aquilo que você não sabe que tem que ver. É, que não sabe que é dependente. É uma dinâmica que tem um pouco a ver com a Philip Morris mesmo, com o cigarro.

porque ninguém sonharia com um cigarro, ninguém como ah eu queria um tabaco que queimasse e foderesse meu pulmão ao mesmo tempo as pessoas continuam pulmando porque o cigarro percebeu alguma coisa, a planta entregou uma coisa que seu irmão não sabia que precisava e que não precisa mas que passa a achar que precisa Sim. Mas eu acho o cigarro melhor. O cigarro é melhor. O cigarro ele responde ao... Ele é...

Tudo bem, ele mata e tal, câncer, etc. Mas o cigarro, primeiro, pra quem gosta de fumar, tem um prazer físico real. Então... É isso, e muita coisa que dá prazer faz mal a longo prazo, mas isso não tira esse prazer. A rede social não faz mal pelo acúmulo, não é o longo prazo. Ah, eu usei Instagram 20 anos, agora eu tenho câncer.

Ela faz mal no imediato mesmo. Ela te isola muito mais imediatamente. Então não tem nem essa negociação entre o curto prazo e o longo prazo, que acho que é o difícil do vício em cigarro, por exemplo. e o cigarro ele não te isola pelo contrário se tem uma coisa que acho que o cigarro faz bem e que a substituição do cigarro pelos celulares que a gente já comentou isso aqui também alterou completamente

O cigarro ele te insere num circuito social, em alguma medida. O lugar dos fumantes na festa é muitas vezes o lugar mais animado. É você sair pra fumar um cigarro na frente do restaurante e encontrar uma outra pessoa ali e bater um papo. E o cigarro, ele faz você passar tempo com você mesmo também. Você fica refor... Ah, tô esperando alguém que tá atrasado. Vou fumar um cigarro.

Eu tô aqui fazendo propaganda de cigarro, eu nem fumo. Mas eu entendo essa função do cigarro. O celular e a rede e o Instagram e o algoritmo e a inteligência artificial, talhada a sua imagem e semelhança, fazem exatamente o contrário, que é a de capturar do mundo. Então é isso, a gente não tem mais tempo morto, porque o tempo morto ele é imediatamente preenchido. Eu me pergunto muito o que vai acontecer com a morte do tempo morto.

Eu acho que isso tá alterando a nossa cabeça de uma forma muito profunda mesmo. Uma coisa que eu odeio, uma guerra contra é Wi-Fi em avião. Eu amo o fato de que o avião não tem Wi-Fi. Eu fico muito feliz. De saber que eu vou entrar num avião e vou ficar 11 horas e que ninguém pode me achar. Na hora que enfiarem o Wi-Fi no avião acabou, entendeu? Esse momento, esse spa mental que é a falta do Wi-Fi no avião.

Que é um grande tempo morto muito necessário. É, exatamente. E que tem pegado muito o avião. Então é um lugar seu especial. Como vocês podem ver, ela está o tempo todo em trânsito. Então realmente deve ser um inferno as pessoas ficarem... Te ligando. Mas eu acho irônico ela falar isso porque ela tá com um wi-fi especialmente ruim hoje, como a gente pode observar agora, que ela tá falando...

Porque ela tá fora do ar aqui, não tá nem conseguindo. Então ela tá quase inacessível pra gravar o combo, gente, hoje. Mas eu concordo com você. Sabe uma coisa que eu acho que ia ser muito bom, gente? Se a internet desligasse.

Tipo, de 10 às 7. Eu acho que isso vai acontecer em algum momento. Não era bom? Eu acho que isso vai acontecer em algum momento. Faz uma puta internet incrível pra todo mundo trabalhar, pra todo mundo ler, pra todo mundo ver filme. 10 horas. Ah, mas eu quero ver um filme. Você vai baixar.

Vai assistir. Mas você sabe que a gente começou falando sobre como eu sou da geração X, né? Vocês são milênios e tal. E pra mim a maior diferença da... da minha experiência digital, não é nem que eu vivi num mundo analógico que não tinha internet, mas é eu peguei exatamente como adulto e como jornalista trabalhando num espaço físico mesmo Uma é a internet, que você tinha que fazer a opção de entrar nela. Então, estar na internet era tomar uma decisão. Era parecido com VTV.

mesmo que seja uma coisa muito passiva mas você senta na frente dela e você aperta um botão e originalmente você ficava sem telefone quando você ligava a internet a coisa perversa foi o wi-fi e o celular essa combinação subitamente sem a gente perceber Sair da internet é uma decisão ativa. E antes entrar que era.

Então mesmo que eu passasse 12 horas do meu dia na frente de um computador, tinha uma decisão, tinha uma consciência de que você estava dentro do ambiente digital e que agora você não tem mais. Sair dele é exatamente isso. Você precisa pegar 11 horas de um voo internacional, rezar para não ter Wi-Fi, porque ali você está livre. É mais ou menos o cigarro, né? Você não pode mais fumar no avião. Então, naquele momento, você está livre de uma coisa.

Mas só pra dialogar rapidamente com o que você e a Alexandra divergiram, eu acho que a Alexandra falou de uma coisa Um pouco diferente do que o algoritmo, Greg, que eu até concordo, que ele te entrega uma coisa tóxica, uma coisa que você não necessariamente é o seu espelho. Mas a inteligência artificial... que está sendo desenvolvida, o seu amigo digital, eu acho que ele tem mais um quê? Não digo de espelho, mas de estar sob a sua batuta.

E não a batuta do algoritmo de fora. É você que dá ordens para esse algoritmo se desenvolver em relação a você. E é engraçado, porque você falando que a gente não desenvolveu nenhuma ficção que dá conta disso, ficção científica eu acho que não mesmo. Mas a gente tem o mito do Narciso, eu acho que ele é muito promonitório para o que a gente está passando.

porque o que as redes sociais provocaram especialmente o smartphone que eu acho mesmo que o grande golpe dele que viciou a gente não é só a dopamina o algoritmo é a câmera frontal É o fato de você ligar uma câmera que você se vê no espelho o tempo inteiro. O fato de que a maioria das fotos que as pessoas tiram com os seus celulares são uma selfie e não uma câmera que vai pra fora, isso é estatístico, assim, é muito mais selfie.

feita com celular, especialmente se você é mais jovem do que uma foto pra fora. E eu acho que esse fato é muito importante. O fato de que a gente se apaixonou pelo espelho full time na nossa frente. E quando o mito é inventado, espelho, o espelho, não era sequer uma tecnologia. O cara se apaixona pela imagem que ele vê na água. E ele fica ali, ele se afoga ali. E durante séculos e séculos, pra... uma pessoa ver a própria imagem

Ela tinha que ou ser muito rica pra ter um espelho, que era uma coisa recente, difícil de fazer, ou ela mandava alguém pintar um quadro dela, pra sua autoimagem poder ser algo que você apreciava. Imagina isso, o nosso próprio rosto era uma das coisas que... o ser humano menos via na sua história evolutiva inteira A maior parte dos seres humanos vê o seu rosto assim, quando refletia na água de maneira torta. E hoje eu acho que é o domínio principal da imagem.

É o autorretrato que só você vai ver. Não o autorretrato pra consumo público. O autorretrato pra o consumo frequente, individual. E é aí que eu acho que... Esse espelho que a inteligência artificial tende a fazer, ele vai deixar de ser só o da imagem e vai começar a ser o da sua fala, do seu discurso, dos seus interesses é uma coisa, não é tautológico o nome, mas é a cobra que morde o próprio rabo É cognitivamente. É cíclica, exatamente. É uma espiral ascendente.

tem um outro mito, é curioso, mas como os mitos às vezes iluminam mais do que a ficção científica. Às vezes tem toda razão. Está lá nos gregos ou nos antigos, de modo geral, nos povos. São problemas ancestrais da humanidade. Tem um mito que as pessoas usam muito para falar de tecnologia e que eu não acho adequado hoje, no momento de hoje.

que é o de Prometeu. A gente falou disso no Clube do Livro na quarta-feira. As pessoas costumam muito comentar que esses caras são Prometeus, eles estão... roubando o fogo dos deuses vão ser punidos pela sua híbris pra quem não lembra Prometeu, aquele mito grego do herói grego que rouba o fogo dos deuses

E por isso é punido pelos deuses. Ele é entrega para os seres humanos, né? Ele dá o domínio do fogo para os seres humanos. Entrega o fogo dos deuses para os seres humanos perfeitos. Ele que rouba esse... dom divino que é o fogo essa tecnologia que é divina que é o fogo, é ele que rouba essa tecnologia e entrega para os seres humanos e por isso é punido pelos deuses

por ter roubado a tecnologia deles e entregado para a humanidade. O que esses caras fazem é precisamente o contrário. Eles entregam, eles roubam a tecnologia do ser humano, no caso do estúdio Ghibli, das sinfonias compostas, os poemas, tudo o que o senhor humano fez de melhor, roubam, copiam a amizade agora a amizade, exatamente a obra humana mais bem acabada de tudo e entregam

para o alto, ou seja, para os deuses, para que eles possam prescindir da gente. Entrega para a super inteligência. E hoje já não precisa mais da gente. Então rouba o que eles têm de melhor enquanto tecnologia, o nosso fogo. E entrega de graça e imprópria aos deuses. Eles acham que eles estão no comando. Acham. Ele é o Prometeu às avessas, na verdade. Eles são o anti-Prometeu. É o anti-Prometeu. O que eles fazem é precisamente o contrário do que Prometeu fez.

eles estão traindo a humanidade roubando o que a gente fez de melhor a nossa tecnologia mais avançada e entregando para um super humano entregando porque eles querem destruir eles querem superá-lo o desejo deles é amassaram a humanidade, por isso roubam a nossa tecnologia e entregam e criam uma super tecnologia maior do que nós e que pode muito bem nos destroçar e já está nos destroçando

já está piorando a qualidade da nossa vida, a nossa saúde mental e a saúde da nossa democracia. São tecnologias que já estão comprovadamente piorando a convivência política mesmo das pessoas. Não sei de nenhuma democracia salva pelo Facebook não. No começo eles prometiam isso, não é que eles prometiam isso como plataformas, mas a gente teve aquele momento em 2011 até 2013 em que as primaveras, as acampadas espanholas, primavera árabe, ocupar Wall Street, marcha da liberdade no Brasil e tal.

Parecia que ia aumentar nosso grau de democracia porque incluía muito mais gente na voz pública e na capacidade de auto-organização. Rapidamente a gente viu para que o algoritmo servia E aí a gente vê como que a intencionalidade é programada Ela vai produzir um resultado político muito mais próximo do que está no coração do Zuckerberg, do que está no coração dos próprios ativistas que usam a plataforma que o Zuckerberg criou. Então muita gente fala assim, o que deu errado?

Por que deu errado? Porque é o universo que foi criado. Ele tende às consequências das suas próprias regras. por isso que ele é meio transcendente mesmo ou meio hiper né hiper potente assim a gente não tem como hackear Algo assim. É isso que eu acho. Eu sempre falo, ah, precisa disputar narrativa, não sei o que. Eu falo, gente, estou disputando narrativa e os caras estão, tipo, construindo infraestrutura.

Não só física, mas de programação mesmo. É um outro nível de jogo, é um outro nível de intencionalidade que vai produzir resultados. muito mais sérios e duradouros no médio prazo. É muito curioso que a gente fala muito do Lakoff, né? Que eu acho que o nome, na verdade, é Lakoff. Só que eu não sei se ele é leico, porque acho estranho falar em inglês o nome de um cara que é meio russo, né, o nome. L A K O F F

O nome que a gente não decidiu ainda, e ele não é famoso o bastante, infelizmente, porque tem uma pronúncia socialmente aceita. Universal. Universal. Então, o Leica, vou falar assim, porque eu sei que é como a nossa amiga Alessandra fala também. Foi quem me apresentou, Leica, há muitos anos atrás. É um linguista político, enfim, cientista político que fala muito de linguística.

Ou seja, a gente adora esse cara. Ele é o cara do Don't Think of an Elephant. Livro, aliás, não publicado no Brasil. Livro excelente. Não pense no elefante. Osso publicado, esgotado, enfim. E a tese dele é toda de que quem domina as palavras domina o debate

porque o debate acontece com as palavras então se você escolhe as palavras é como se você escolhesse o campo e as regras do jogo por isso é muito comum e a extrema direita faz o melhor do que a esquerda que a extrema direita tenha definido os temas os nomes e assim ganhem o caso clássico do aborto em que a extrema-direita conseguiu falar de pró-vida, conseguiu se definir como pró-vida o que eles fazem quando eles dizem isso? eles definem o debate

Num campo pró-vida ou anti-vida. E se o debate por entre pró-vida ou anti-vida, obviamente já ganhou de lavada pró-vida. mesmo que o outro diga, ah não, a gente não é antivida, a gente é pró-escolha um usou o valor da vida, o outro usou o valor da escolha todo mundo acha a vida mais importante do que a escolha perdemos, segundo ele, porque escolhemos errado. Ou melhor, a escolha é sempre a vida. Se você tem a escolha, você fica com a vida. Essa é toda a genialidade desse argumento. Exatamente.

E aí ele provou isso, que quem escolhe as palavras ganha o debate. Então a gente não pode nunca debater no campo do outro, a gente tem que trazer o outro para o nosso campo e assim ganhar o debate. A gente viu em 2018, por exemplo, o Haddad passou uma campanha explicando que ele não tinha nada a ver com o nome Adéria de Piroca.

Explicando que ele não era negar que tem a ver com a madera de piroca, é se vincular a uma madera de piroca, é ir pro campo do inimigo jogar bola com ele. Por que eu tô falando isso? Porque eu acho que isso acontece também nas redes sociais. eles definem o algoritmo eles definem a programação como é que você vai ganhar um debate cujas regras, cujas palavras o campo, a infraestrutura foi toda construída, o juiz foi toda construída pelo inimigo, para dar saudade do Eurico Miranda

que apenas ia lá e desligava a luz do estádio quando o Vasco tava perdendo. Mentira, fez isso uma vez, mas não é bastante. Isso tem o Martin Zuckerberg nas redes sociais dele, ou é um romance que nem se fala, é um romance que é até mais descarado. Lomansky pelo menos tem a vantagem de ser muito descaradamente. Lomansky é só mais explícito mesmo. É. É só mais explícito.

Que aliás tem um livraço que saiu nos Estados Unidos há um mês e meio, dois meses atrás, não sei se vai sair por aqui, daquela delatora do Facebook. Eu esqueci o nome dela, ela é bem famosa. Ela fez depoimento no Congresso, ela escreveu um livro, agora muito bombástico, e acho que até por conta disso que o Zuckerberg está meio preocupado com o que vai acontecer dentro do próprio governo Trump. em que ela fala que o Facebook estava fornecendo muitos dados para o governo chinês

sobre ativistas da China, sobre os dissidentes internos do país, enquanto nos Estados Unidos ele falava sobre liberdade de expressão, sobre tudo aquilo lá. Então você vê como ele era extremamente colaboracionista com regimes. que tinha um interesse em hipervigilância, sem avisar os usuários, inclusive os usuários americanos, dissidentes da China, que estavam sendo monitorados pelos dados que ele fornecia ao Partido Comunista da China. Para ter acesso ao mercado chinês.

E poder ter data center lá. Então é data center no subsolo da China. Então eles também tem no Zuckerberg. Pra você ver como as regras, o juiz e o estádio, não é nem linguagem, são as regras gramaticais. Não é que o cara tá falando, esses são os termos aqui que eu escolho, não é o pró-vida. É assim, olha, no meu universo não tem adversativa, tá?

Nós não usamos mas. Então tenta construir uma frase aí. E aí você inviabiliza a oposição porque você tem o domínio da própria sintaxe do que está sendo colocado. E é isso que eu acho que fico aflitíssimo com o nosso canal, porque a gente fica discutindo liberdade de expressão como liberdade de postar o que a gente quiser, quando na verdade isso é a superfície, assim, isso é simplesmente a espuminha.

da água da verdadeira linguagem que a gente não tem liberdade de entender, a gente nem é alfabetizado nela, mas não pode programar, não pode penetrar, não pode escolher Que é a expressão do código, da reprogramação do próprio algoritmo como linguagem, como expressão mesmo. Como expressão de interesses, de potencialidades, de... Possibilidades sociais, políticas e organizacionais. É só ver o que está acontecendo com Palestina em rede social.

A camada de supressão desse discurso. Que você não sabe nem de onde vem. Não dá nem pra cobrir. Porque você não tem informação. Você não sabe aonde que isso tá sendo suprimido. Mas a gente sabe que tá. Totalmente. E a gente fica Reclamando isso, às vezes, como se a gente fosse ruim de narrativa, né? Só. A gente tem problemas de comunicação. O governo Lula tem problemas, óbvio. Mas o problema é bem mais fundo. É de estrutura. Os donos dos meios. de conexão o buraco é bem embaixo mesmo

Falando em conexão, a Alessandra caiu, caiu. A Alessandra não volta. A Alessandra caiu. Foi de arrasta. Foi de arrasta. O que é uma pena, porque temos que gostar de ter ela aqui, mas teremos semana que vem, com certeza. Prometemos que com... uma internet melhor lembrado que quarta-feira pra aqueles que se inscreveram tem o clube do livro dessa vez com um livro novo vamos ler a nova era do império um livro espetacular

E a gente, daqui a pouco tempo, pessoal, a gente vai reabrir inscrições para o clube do Rio Livre. Então, quem quiser participar no próximo mês, daqui a pouco tempo a gente vai falar como... você pode participar da segunda metade do ano do Clube do Livro do Calma Urgente, que tem sido muito interessante, uma comunidade incrível que está...

Se auto é organizando, já tem grupos paralelos, festas, é encontros, teve a turma que foi no show da Lady Gaga, tem gente que se reúne pra assistir o calmo gente junto e tal. Então vamos ter mais seis meses pela frente que a gente vai ter mais uma janela em que você pode fazer parte do Clube do Livro. E o desse mês é esse daqui. A nova era do império. Como o racismo e o colonialismo ainda dominam o mundo. E quarta-feira é o Greg que vai conversar, né Greg? Eu começo.

Esse mês eu que vou abrir os trabalhos. Vai dar um pontapé inicial. E eu tenho uma dica, Greg. Você tem uma dica hoje? Eu tenho uma também. Talvez seja até a mesma. Não é livro, a minha. Eu quero recomendar que todo mundo que puder assista o documentário do Louis Theroux. que é um grande repórter da BBC, fez documentários antológicos Desde os anos 90 ele faz coisas incríveis.

E ele fez um agora que está deixando Israel de cabelo em pé. Os caras não sabem o que fazer. Estão tentando censurar, reagindo. Estão chamando ele de antissemita, apesar de ser judeu. The Settlers. colonos e o que é uma reportagem feita esse ano sobre os colonos que estão invadindo as terras palestinas depois do 7 de outubro. Louis Eterro é um dos grandes repórteres porque ele tem um talento muito especial.

que é ele sabe conversar e sabe se envolver de uma certa maneira em que ele faz com que as pessoas falem sozinhas o que elas realmente pensam. Então ele não tá botando na boca dele, ele não pega citação, ele não edita. Ele só vai conversando de uma certa forma, em que os colonos, Os judeus daquela região, os colonos israelenses daquela região que estão invadindo esse território. abrem o jogo sobre o projeto

sobre a relação que eles têm com o governo de Israel em curso e com a ideia que eles fazem dos próprios palestinos. Então eu acho que é uma maneira muito interessante da gente ver sem filtro qual é o projeto. O que está acontecendo lá? Porque a gente está esquecendo que o genocídio não só segue, como hoje ele está mais empoderado por conta da gestão Trump, e a gente está prestando menos atenção porque tem uma certa resignação pública.

Então mesmo que os palestinos percam a guerra e a terra no curto médio ou prazo, eu acho que tem uma responsabilidade pelo menos mínima nossa de esclarecer o que está acontecendo. Qual é a questão? Que o debate não esteja mais colocado nos termos escolhidos pelo projeto... acionista mas que pelo menos filmes como esse vão ajudar muito A setor de debațări însehadă. E fica claro qual é o projeto que está em campo lá, que é um projeto supremacista mesmo.

Pela boca dos próprios ecolonos. Onde é que você assistiu? Ele é da BBC. Eu assisti com VPN. Eu não sei se está no YouTube, se tem outras maneiras de assistir. Não está, Bruno. Você está dando uma dica? Não, mas dá pra assistir. Se você pega um VPN gratuito, entra, dá pra baixar em programas de baixar vídeo e tal, dá pra assistir. Chama The Settlers, do Louis Theroux, BBC.

Olha, eu acho que eu achei aqui. Se você buscar um pouquinho, vai achar um link. Você vai achar um link. Cai num link aqui. Eu vou ver. E eu vou dizer que finalmente chegou no Brasil. traduzido pela crítica, um livro que a gente cita muito aqui, que é o Tecnofeudalismo um dos livros mais citados aqui no Camulgente, sempre falando infelizmente não tem no Brasil, infelizmente não saiu em português

Saiu uma bela edição da Crítica. Livro muito central para entender tudo o que a gente falou aqui. Flerta o tempo todo com o tecnofeudalismo. A gente falou muito em volta disso, eu acho.

Essa tese desse cara espetacular que é o Varoufakis, que foi ministro da Economia na Grécia, e que é um cara que fala muito bem não só sobre economia, mas sobre sociedade, sobre contemporâneo e tal. E é um cara que... tem essa tese de que o capitalismo já morreu o capitalismo morreu vítima do próprio capitalismo e foi suplantado Por algo ainda mais jurado. por esse tecnofeudalismo

Essa ideia de que são essas grandes corporações tecnológicas, porque a gente trabalha de graça para elas, um regime de servidão dessas grandes tecnologias. Eu estou resumindo aqui e eu quero lê-lo, porque eu na verdade não li. Estou resumindo sem ler. Olha só aqui.

sintoma. Daqui eu vi muitas entrevistas dele falando em muitos textos dele, mas não li o próprio livro. Está aqui, o que matou o capitalismo e o tecno-feudalismo. Por fim, livro novo de Marcelo Rubens Paiva, eu não li também ainda o novo agora, sobre paternidade, quero muito ler. Eu adoro o Marcelo, escultor maravilhoso

Muito talentoso, engraçado, tudo. E sou de paternidade, tô louco pra ver ele falar disso. Também não li, nem abri. Howard Zinn, A Bomba, tá? Amo, curto, maravilhoso. Quero ver esse livro aí. Pra gente, Bruno. Pra você, que a gente é meio obcecado com a bomba, já devem ter percebido, né? Sobretudo quem tá no clube, a gente é meio obcecado com a bomba atômica. Infeliz bom, espetacular. Esse cara é o maior ativista, talvez, anti-bomba, né? Pelo menos o que sabe melhor.

Um dos grandes. É espetacular como... É colega do Noam Choms. Exatamente. E a bomba foi explodida, mas a guerra continua, a famosa guerra de narrativas, na qual Oppenheimer estava claramente, era isso, era uma propaganda para a bomba póstuma, disfarçada de filme progressista e tal. Então é muito importante sair aqui esse livro Howard Zinn. Que é o outro lado. Aquelas bombas não precisavam ter sido lançadas. Enfim, por fim, já falei coisa pra caramba, dois podcasts só.

um da Carol Pires, nossa amiga que tá com um podcast muito legal no YouTube é só você botar lá Carol Pires e a Mara tá aqui, é só botar o nome dele que eu estou indicando e eu estou ouvindo direto. Ela está lá com a amiga Marina Dias, que é uma grande jornalista também. Carol Pires foi redatora do Greg News durante muito tempo.

Ela é jornalista, é atora de vários podcasts. Marina Dias, essa jornalista também espetacular. É um papo das duas sobre a atualidade. Está lá no YouTube. O nome do canal dela é mesmo Karol P. Então vocês vão achar muito fácil de botar no YouTube. É ótimo pra você que quer notícias com, claro, um viés, com comentários interessantes, inteligentes e tal.

Sou fã da Carol e adorei que ela está com esse canal no YouTube. E com a Marina, que também sou fã. E por último mesmo, fomos citados. Então vou responder e agradecer num podcast também espetacular, que é o Reparação Histérica. de Manuela Cantuari, Tati Bernardi e Miri Lacombe fizeram um podcast citando a nós e eu quero retribuir e agradecer e falar a todos irem ouvi-las porque são muito

Talentosas e engraçadas também. A Millie é minha amiga de longa data. A gente trabalhou na mesma redação por alguns poucos e bons anos. Ela trabalhava na TPM ou na Trip. mas era o mesmo espaço físico, a gente se gosta muito. Faz muito tempo que eu não a vejo, e nós somos meio vizinhos aqui nas nossas...

montanhas, eu preciso dar uma ligada pra Amelie pra visitá-la aqui nas redondezas da Serra da Mantiqueira. Olha, tá bem frequentada essa Mantiqueira aí. Tá bem frequentada, é. Um abraço pra Amelie, pra Manu e pra Tati. E pra você, Bruno Tortua, e pra Alessandra. que tá em algum lugar aí perdido nas nuvens. Ah, e tem uma outra recomendação. Se alguém quiser me encontrar pessoalmente, Quinta-feira na peça do seu Gregório Edouvivier.

o céu da língua, estaremos lá no Sérgio Cardoso, sessão às 7 e sessão às 9 e meia, sucesso total, eu ainda não decidi em qual sessão eu vou, mas a gente se vê ou na entrada ou na saída, alguém que quiser ir lá. Bateu o cartão pra ver o seu Gregório Wv no palco. Ó, eu falei besteira, Bruna. Quinta-feira não tem sessão extra ainda, é só as sete. Sexta-feira tem sete e nove e meia. Ah, tá. Então, quinta-feira você vem...

7 a 7. Fechou. Pera você lá. 7 horas. Valeu, Bruno. Até já. Beijo grande. Beijo grande. O Calma Urgente é uma produção da Peri Produções. Na apresentação temos Alessandra Orofino Gregório do Viver e Bruno Tortorra na coordenação de produção. Carolina Foratini Igreja. Na edição, captação e mixagem, Vitor Bernardes. Na sonoplastia, Felipe Croco. Nas redes sociais, Theodora Dovivier e Bruna Messina. InnoDesign, Pedro InnoWe.

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