Meu querido ouvinte, eu apresento para você uma nova experiência com o autoconsciente. Este é um podcast que não apenas fala de vida interior, mas também conecta você com o seu interior. onde residem sua sabedoria e serenidade. Então, aqui está um episódio para colocar você numa frequência mais tranquila. Desfrute. Um abraço. Este é o Autoconsciente Flow, um remix de episódios do podcast Autoconsciente para você relaxar, dormir, acalmar-se.
Inspirar-se. Eu sou Regina Gianetti e o meu trabalho é ajudar você a viver mais em paz com você mesmo. Eu dou um curso online com aulas... ao vivo e gravadas, o Encontrando o Seu Centro, em que ensino as práticas que faço, a filosofia de vida e atitudes que adoto para viver com autoconsciência e equilíbrio. Iniciais convivências para você se conectar com o seu centro. Visualizar mudanças positivas para a sua vida.
e obter as ferramentas para colocá-las em prática. Na descrição deste episódio tem links com mais informações sobre esses trabalhos. Neste episódio eu quero ajudar você a pacificar a sua mente e o seu coração em um momento de muitas preocupações. Qual de nós já não passou noites em claro, rolando de um lado para outro na cama, enquanto uma espiral de preocupações girava na cabeça?
Qual de nós já não sentiu um aperto no peito com a lembrança de um assunto preocupante? Ou já não se sentiu consumir por um pensamento de preocupação? Eu. Eu, eu, eu para todas as perguntas. E aposto que você também já tenha se sentido assim. Talvez esteja se sentindo agora. Aí algo da natureza humana que é tão comum e aflitivo, desconfortável, agoniante. E hoje em dia então, o que não falta são motivos de nos preocupar.
nestes tempos incertos que estamos vivendo. Assuntos do trabalho ou a falta de trabalho, a situação financeira, a saúde, a segurança dos entes queridos. A conturbada situação política, econômica e social do mundo. A crise ambiental. Mas vamos parar por aqui para não despertar a espiral. A princípio, preocupar-se é benéfico e necessário. É uma importante função da nossa mente, essa de imaginar o que pode acontecer no futuro.
os problemas que podemos enfrentar, situações indesejáveis que podem acontecer. Antecipar essas situações permite que a gente tome certos cuidados agora. Se prepare, se previna para o que pode acontecer lá na frente. Se eu me preocupo com a minha saúde, essa preocupação me motiva a ir ao médico quando aparece um sintoma. Se eu me preocupo com a segurança financeira da minha família, isso me leva a poupar dinheiro para um momento de dificuldade.
A preocupação tem efeitos danosos quando ela é muito frequente ou se torna excessiva ou chega a ser compulsiva. O estado mental de preocupação é um gatilho da ansiedade. É uma das mais comuns causas da insônia. E levado ao extremo, causa o transtorno de ansiedade. Em algum grau, a preocupação está na vida de todos nós, sem exceção. O que pode ser diferente para cada um são os objetos de preocupação, a sua frequência, a sua abrangência.
Vamos escavar as raízes das nossas preocupações e explorar possibilidades para lidar com elas. Não basta a gente sair cantando por aí. Don't worry, be happy. Hakuna Matata. Pensar positivo, simples meio. Isso seria uma forma de positividade tóxica que nega os nossos sofrimentos. Um pouco de preocupação sempre vai existir na nossa vida, mas podemos não sofrer em vão com ela. O que está por trás das nossas preocupações? O comportamento humano é regido por duas motivações básicas. Evitar a dor.
Essas são forças poderosas e instintivas em nós. E é algo que temos em comum com os animais. A diferença é que nós temos uma mente criativa, imaginativa, narrativa, coisa que os animais não têm. Eles apenas reagem aos perigos da vida quando estes estão presentes. Nós também reagimos nessas circunstâncias. Mas preferirmos mesmo é não ter que enfrentar perigos. Nós usamos o nosso sofisticado poder de imaginação para antecipar perigos e criar estratégias. para evitá-los. O nome popular disso
Uma situação que gera preocupação é a incerteza. A neurociência diz que o nosso cérebro é projetado para evitar a incerteza. Situações incertas, imprevisíveis... podem trazer perigos. Então, quando não sabemos ao certo o que vai acontecer, Não temos indícios, nenhuma dica. começamos a imaginar tudo o que pode acontecer. Temos aqueles torturantes pensamentos que começam por EC. E se isso acontecer? E se aquilo acontecer? E considerando que vivemos tempos tão incertos,
não surpreende que o nível de preocupação esteja alto ultimamente. Assim como evitamos o que é incerto e desconhecido, nos apegamos ao que é conhecido. E não só ao que é conhecido, mas também ao que nos é caro. Somos apegados às nossas posses, vínculos afetivos. conquistas, hábitos, rotinas, a nossa autoimagem. Às vezes nos apegamos às situações da nossa vida que nem são tão satisfatórias. Mas é o que temos. É o que conhecemos. Não queremos perdê-lo.
E se algo ameaça os nossos apegos, nos preocupamos. Para evitar incertezas e preservar os nossos objetos de apego, a gente se preocupa em manter as coisas sob controle. E tudo aquilo que possa fugir ao nosso controle, Imprevistos, mudanças, as atitudes das outras pessoas. E note bem, nossa necessidade de controle não é só das situações externas, como as que eu acabo de citar. É também a de manter sob controle. as nossas emoções. Um dos nossos grandes medos é o de nos descontrolar emocionalmente.
E não suportar a dor que poderemos sentir caso certas situações aconteçam. É uma grande ironia. Em última análise... Nos preocupamos para evitar tudo que possa provocar turbulências emocionais. Mas ao nos preocupar, o que criamos é exatamente isso. Turbulências emocionais. Pela lógica, seria melhor não nos preocuparmos tanto. A questão é, e dá...
Para não nos preocupar, Segundo a neurociência, diante de uma situação de incerteza e ameaça aos nossos apegos ou senso de controle, nós entramos no modo preocupação, que nos ajuda a analisar a situação. Com a repetição bem sucedida de nos preocupar e com isso evitar situações indesejáveis, a gente internaliza que se preocupar funciona e a preocupação pode tornar-se um hábito. Há quem se preocupe com tudo, até mesmo com coisas que seriam para se divertir ou relaxar.
Como um passeio, uma viagem. Será que o tempo vai estar bom? E se eu tiver um imprevisto bem no dia da viagem e não puder ir? E se minha família não gostar do passeio? As preocupações podem criar um pesadelo com aquilo que deveria ser agradável, nos impedindo de nos divertir. Se nos preocupamos demasiadamente, é porque se cristalizou a crença de que preocupar-se é crucial e que se não nos preocuparmos, situações indesejáveis vão acontecer. Essa crença não é consciente.
Assim como não é consciente ou intencional, A decisão de se preocupar. Os pensamentos de preocupação simplesmente surgem como um reflexo condicionado. Involuntariamente. E começamos a imaginar tudo o que pode acontecer. Fatos, cenários, catástrofes. É por isso que preocupações invadem a nossa mente sem pedir licença, independentemente da nossa vontade. A espiral da preocupação também é impulsionada pelo perfeito. Pessoas que exigem muito de si mesmas se preocupam muito.
Acham que suas preocupações nunca são suficientes. E assim como é difícil evitar pensamentos de preocupação, também é difícil pará-los. Pessoas que se preocupam demais imaginam todas as possibilidades de algo dar errado. Não há limites para imaginação. E assim, elas continuam pensando e pensando no que pode dar errado, o que as mantém no estado mental negativo, que motiva a ter mais preocupações, É uma bola de neve, um ciclo vicioso, difícil de sair.
Quem dera eu tivesse conhecimento desses mecanismos da preocupação tempos atrás, nas fases da minha vida em que eu estive demasiadamente preocupada com algumas situações. Entender que a preocupação tem esses processos automáticos Pelo menos reduz a nossa autocobrança. A gente ouve dizer, não pense em coisas negativas. Tire isso da cabeça. Não se preocupe tanto. Então eu ficava me patrulhando, dizendo para mim mesma que não podia ficar preocupada, que aquilo não me fazia bem.
Além de me sentir mal por causa da preocupação, ainda me sentia mal comigo mesma por estar me preocupando. Mas olha, brigar com os nossos pensamentos e preocupação não ajuda. Querer nos livrar deles a todo custo também não. Na verdade, combater a preocupação só a torna mais resistente. O que também acaba fortalecendo a preocupação é fugir dela, buscando algum tipo de distração. A gente vai ver um vídeo, vai dar uma volta, vai comer alguma coisa.
Por algum tempo a gente se distrai e esquece do que nos aflige. Mas a preocupação sempre acaba voltando e mais forte. E aí entra a pergunta, o que fazer então com as nossas preocupações? Bem, algo que sempre me ajudou muito É identificar se o objeto de preocupação é uma situação real ou hipotética. Distinguir uma coisa da outra faz toda a diferença no modo de lidar com a preocupação. Situação real é algo que está acontecendo. Por exemplo, ter uma dívida, um problema no trabalho.
Pode ser também uma situação que está para acontecer, como uma cirurgia marcada. Se a situação que nos preocupa é real, nós talvez possamos fazer algo para resolver ou mudar aquilo. A energia mental que a gente gastaria com a preocupação, podemos investir em uma ação. Então se eu me pego em preocupação, a primeira coisa que eu faço é identificar se o que me preocupa é real. Sendo real, eu me pergunto o que eu posso fazer nessa situação.
E se houver algo que eu possa fazer, eu faço. A preocupação se torna ação. Agora, se não houver nada que eu possa fazer, Os pensamentos de preocupação não são úteis Eu vou lidar com eles da mesma maneira como lido com as preocupações hipotéticas E o que são preocupações hipotéticas? São aquelas que geralmente começam com EC. Ou será que? Esse tipo de preocupação pode surgir do nada, ser pura especulação mental. Podemos também criar preocupações hipotéticas.
a partir de situações reais. Por exemplo, digamos que ter uma dívida seja uma situação real que preocupa. E que a partir dela a gente comece a criar hipóteses. E se eu não puder mais pagar a dívida? E se ela for executada? E se eu perder tudo que já paguei? Por aí vai. Os pensamentos EC aumentam a nossa aflição. no foco da ação que a gente poderia ter para aquela situação.
O que eu aprendi a fazer quando a espiral de preocupações toma nossa mente é parar o que eu estiver fazendo, fechar os olhos e por instantes sentir a respiração. Sentir o ar soprando nas bordas das narinas na expiração ou esvaziando o pé. Fazer isso uma única vez é o bastante. Quando sentimos a respiração, nos trazemos para o aqui e agora. A gente abre um espaço na nossa consciência para observar as preocupações como simples pensamentos.
Então podemos dizer para nós mesmos, eu estou pensando e se tal coisa acontecer. Eu estou pensando que não vou poder pagar a minha dívida. Eu estou pensando que as coisas vão ficar difíceis. Afirmar o que nós estamos pensando é uma técnica da teoria cognitiva baseada em mindfulness, em que a gente pratica um distanciamento, uma desidentificação dos nossos pensamentos. Pensamentos a gente tem aos milhares todos os dias. Eles vêm e vão o tempo todo. São voláteis, mudam a todo instante.
Pensamentos não são leis esculpidas em pedra determinando o que vai acontecer. Não são verdades absolutas nem profecias do futuro. São apenas pensamentos. em vez de combater as nossas preocupações ou fugir delas, trata-se apenas de observar as preocupações como simples pensamentos, nos desidentificar delas. Outra estratégia para lidar com as preocupações é escrevê-las. Depois lemos o que escrevemos e ao fazer isso podemos enxergar o objeto de preocupação. sob uma perspectiva diferente.
De repente, a gente se dá conta de certos exageros nas nossas preocupações ou tem um insight do que fazer naquela situação. Nós temos também os recursos da psicoterapia e da psicanálise para quem se aflige excessivamente. Eles são indicados para quando as preocupações paralisam, prejudicam muito a qualidade de vida ou são muito perturbadoras, compulsivas. As preocupações excessivas podem estar ligadas a traumas emocionais.
Há problemas de apego afetivo. Há distorções cognitivas, por exemplo. E isso é muita coisa para a gente dar conta sozinha. Precisamos de uma ajuda mesmo. Um ouvinte compartilhou comigo que trabalhava como autônoma e tinha uma entrada de dinheiro muito inconstante. Já a preocupação, essa era uma constante. Ela vivia ouvindo o marido dizer que a preocupação não iria resolver nada, que ela precisava confiar mais na vida. Mas ela não podia deixar de se preocupar.
Muitas vezes só dormia à base de remédios e já acordava se sentindo cansada e ainda preocupada. Esse depoimento do ouvinte me sensibilizou especialmente porque eu sofri anos com essa mesma situação. Depois de mais de uma década trabalhando com a segurança de um emprego formal, eu passei a ser autônoma. E nos primeiros tempos isso foi muito difícil.
Não ver um depósito cair na minha conta todo santo dia 30. Não saber quando ia entrar um novo trabalho para eu fazer como freelancer. Ver o rombo nas minhas contas aumentando a cada mês. Tudo isso me deixava numa aflição sem fim. Com muita frequência, eu acordava de madrugada e só pegava no sono quase na hora de levantar. Eu me sentia consumir por preocupações, não só financeiras, mas de todo tipo.
Eu era muito apegada às estruturas que me deram segurança no passado. E naquele momento, eu me sentia numa corda bamba. Eu via outros profissionais autônomos vivendo muito bem, obrigado. E sabia que eu precisava confiar mais. Confiar em mim, na vida, no universo. Racionalmente eu entendia isso, mas eu não sentia essa confiança. Por isso é que brotavam na minha mente tantas dúvidas, inseguranças e preocupações.
Nessa época, eu vivenciei algumas situações que sinalizaram para mim que eu podia confiar. Foram sonhos, sincronicidades, histórias de outras pessoas que eu testemunhei. Eu vou contar aqui para você uma dessas situações. Era setembro e na escola dos meus filhos estava acontecendo a festa da primavera. Tinha apresentações de canto e coreografia. exposição de trabalhos, aquelas coisas fofas que os pequenos fazem. No final da festa, todos nós ganhamos um balão de gás com sementes de flores dentro.
A ideia era soltar os balões do céu, eles iriam subir quilômetros e estourar devido à diferença de pressão. Então as sementes que eles carregavam cairiam em algum lugar. E quem sabe elas caíssem em um solo fértil e germinassem e um dia dessem flores. Os balões eram semitransparentes e eu vi, dentro do meu, sementes de girassol. Eu soltei o meu balão e fiquei acompanhando a sua subida, até ele sumir da minha vista.
Fiquei pensando, para onde os ventos iriam levar o balão? E onde as sementes iriam cair? E como seria bom ter a leveza de um balão e se deixar levar também. Eu queria me sentir leve, mas carregava um grande peso com todas as minhas preocupações. daquele mesmo dia, um sábado, eu fui correr na pista em torno do lago perto da minha casa. Eu estava lá me alongando em um tronco de madeira. Olhei para o chão de areia, bem abaixo de mim, e vi uma...
semente de girassol. Eu apanhei a semente do chão e fiquei ali olhando para ela. Tanta coisa passou pela minha cabeça. Eu me sentia boba abençoada e maravilhada, tudo ao mesmo tempo. Qual a chance de encontrar uma semente de girassol diante dos meus pés naquele dia? Como era possível aquilo? Eu que vivia preocupada com o que poderia acontecer, sempre tentando estar no controle de tudo na minha vida,
Eu tinha ali, na palma da mão, uma semente de girassol. De onde ela vinha, como tinha ido parar ali, nada daquilo eu havia controlado. Eu interpretei o fato como uma mensagem de que eu poderia confiar mais na vida, no universo. Que eu precisava aprender a confiar mais, para não ter que me preocupar tanto. E como se aprende a confiar? Temos dois modos, com emoção ou com muita emoção.
com muita emoção, é aquele em que, apesar de todas as nossas preocupações e controles, apesar de todo o nosso perfeccionismo, Estamos exaustos da intranquilidade, da autocrítica. Então, começamos a procurar entender mais sobre nós mesmos e a vida. Talvez por meio da psicologia. Pode acontecer também de a gente passar por uma situação tão difícil que não há nada que possamos fazer. Aquele em que a gente aceita os nossos limites e vulneráveis.
e que é inútil se preocupar com todas as possibilidades e abre mão da ideia de controlar tudo. Apesar do frio na barriga, a gente escolhe confiar que vai acontecer e tiver que acontecer. O que acontecer? Muito obrigada. Atualmente eu estou no modo com emoção. Eu sinto sim um frio. respiro, identifico se a preocupação é real ou hipotética, tomo a atitude que cabe tomar e escolho confiar. Mas voltando àquela tarde de sábado no lago,
dentro de um potinho com pedras e símbolos que eu coleciono. O girassol tem um simbolismo muito bonito, que é a Ela está sempre voltada para o sol. Quando eu encontrei a semente, os meus filhos... Escrevendo este episódio, eu lembrei dessa história e procurei a semente naquele ponto. Eu não sei o que pode ter acontecido com ela. Quem sabe ela tenha germinado?